Henrique Borges, VP executivo de vendas, marketing e novos negócios da Somos Young

A corrida invisível que vai definir o futuro dos negócios

O verdadeiro diferencial está nas conexões humanas potencializadas pela IA, na capacidade de vender com propósito e educar com profundidade

Autor: Henrique Borges

Nos bastidores do mercado brasileiro, uma revolução silenciosa está em curso: executivos de vendas e edtechs estão disputando espaço e protagonismo na incorporação da inteligência artificial como diferencial competitivo. A corrida pela IA deixou de ser apenas uma tendência e passou a ser um imperativo de sobrevivência e reinvenção. De um lado, times comerciais aceleram a adoção de ferramentas que otimizam processos, personalizam a jornada do cliente e multiplicam a performance em escala. De outro, as edtechs se movimentam para não apenas educar com IA, mas usá-la como motor de crescimento, captação e fidelização de usuários.

De acordo com dados do LinkedIn, 74% dos executivos brasileiros já consideram muito importante ajudar suas organizações a se adaptarem às mudanças trazidas pela inteligência artificial, um índice superior à média global. Essa percepção se traduz em ação: ferramentas de CRM com IA, plataformas de automação preditiva e soluções para leitura inteligente de dados vêm sendo incorporadas ao dia a dia de executivos comerciais, que agora atuam mais como estrategistas de dados do que apenas negociadores tradicionais. A IA se tornou a parceira silenciosa em cada etapa do funil, do primeiro contato à conversão final, fornecendo insights em tempo real sobre comportamento, timing e discurso ideal.

Nas edtechs, a movimentação é igualmente intensa. Startups brasileiras têm investido fortemente em soluções que usam IA para personalizar o aprendizado, automatizar feedbacks, acompanhar desempenho em tempo real e prever evasão. 

O que torna essa corrida ainda mais estratégica é a interseção entre os dois mundos. Executivos de vendas e edtechs estão começando a perceber que não precisam competir, mas sim colaborar. Muitas startups de educação já contam com profissionais vindos do mercado comercial para estruturar suas operações de aquisição. E, do outro lado, grandes empresas veem nas edtechs aliadas importantes para treinar e reciclar times comerciais com metodologias baseadas em IA. O cruzamento de expertises permite o surgimento de modelos híbridos de negócio, que aceleram vendas com inteligência e escalam educação com personalização.

O impacto disso nos negócios é direto: redução de custos, aumento da conversão, maior retenção de clientes e estudantes, e desenvolvimento de produtos mais aderentes às necessidades do público. A IA, nesse cenário, atua como engrenagem invisível que permite decisões mais rápidas, eficientes e baseadas em dados, tanto na sala de aula quanto na sala de reunião.

Porém, como toda transformação veloz, o movimento exige atenção ética. A personalização algorítmica não pode ser sinônimo de vigilância. O uso de dados precisa ser transparente, justo e orientado por princípios claros. A preocupação com viés, exclusão e impacto social já começa a aparecer nos discursos mais conscientes, o que indica que a corrida não é apenas por performance, mas também por relevância e responsabilidade.

O Brasil, que concentra quase 70% das edtechs da América Latina e já é um dos países com maior abertura à adoção de IA no mundo corporativo, está em uma posição privilegiada para liderar essa integração. Mas é preciso maturidade para compreender que a tecnologia é meio, não fim. O verdadeiro diferencial está nas conexões humanas potencializadas pela IA, na capacidade de vender com propósito e educar com profundidade.

No fim das contas, essa corrida invisível vai muito além de quem adota primeiro: ela vai definir quem estará preparado para liderar os próximos ciclos de inovação, em um mercado que já não admite soluções rasas ou estratégias improvisadas. Quem entender isso agora, larga na frente,  com inteligência real e impacto duradouro.

Henrique Borges é VP executivo de vendas, marketing e novos negócios da Somos Young.

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