
A maior experiência internacional está na Atento que, além de Cabucci, tem Luis Alcubierre, responsável global pela marca, e Régis Noronha, pela área de novos negócios, teoricamente um processo natural de promoção da equipe brasileira. A própria empresa é fruto da experiência brasileira, pois sua origem é a fruto do processo de terceirização da área de atendimento a clientes da Telesp, há praticamente 11 anos, quando a estatal paulista foi adquirida pela Telefônica. O próprio diretor regional da operação Brasil da Atento, Nelson Armbrust, é outro exemplo. Antes de assumir a posição, ele teve passagens em outros países em que o Grupo está presente como Estados Unidos, Argentina e Uruguai, sendo que nos últimos dois foi presidente. A empresa, só no Brasil, faturou em 2009 R$ 1,9 bilhões e hoje tem 36 mil posições de atendimento e emprega 75 mil funcionários.
Outros dois exemplos de empresas brasileiras são a Tivit e a Tellus. Pilotada por Luiz Mattar, a Tivit ganhou projeção internacional. A origem de Mattar, na área de gestão de clientes, é a Telefutura, com uma operação de seguros em meados da década de 90, na companhia de outro tenista, Cassio Mota, e de Eraldo de Paola. A empresa passou por um processo de crescimento apoiado em investidores como Pátria e Votorantin até se unir a Tivit, que prevalesceu como nome dentro da estratégia de ampliar o escopo do negócio para IT e BPO. Na ponta do lápis passou da disputa de um mercado embora em crescimento de R$ 7 bilhões anuais (a área de atendimento a clientes) para algo em torno de R$ 100 bilhões anuais, encarando alguns gigantes internacionais como IBM e HP, para ficar em apenas dois exemplos. Depois de abrir capital, o fundo americano Apax Partners, adquiriu parte substancial das ações, asumindo 54% da companhia. Luiz participou do projeto e mantém-se no cargo de líder da companhia, agora com escritórios nos EUA e Europa, além de presença em vários países da América do Sul, Ásia e Oceania. A outra brasileira é a Tellus. Liderada pelo executivo Guilhermo Faria, a empresa iniciou as atividades em 2001, a partir da aquisição da Brasilassist, empresa com 10 anos de atuação no segmento de assistência 24h. Em 2007, começou sua projeção internacional com uma operação no Peru. O próximo passo veio com um parceiro no México. Hoje, ela já possui cinco centrais de atendimento no Brasil, na grande São Paulo, e duas centrais em Lima no Peru. Um dos principais focos de sua atuação é nos serviços de offshore para clientes dos EUA, América Latina e Europa.
No caminho inverso, a entrada de multinacionais atraídas pelo potencial do mercado brasileiro, abriu a porta a executivos locais. Entre elas, Teleperformance e Sitel, que tiveram nas mãos de brasileiros sua consolidação local e, pela experiência, por se tratar de um mercado considerado por executivos internacionais como diferenciado e cheio de peculiaridades, transformaram-se em plataforma para exposição internacional. Um dos maiores expoentes é Paulo César Salles Vasques, 41 anos. Atualmente, o executivo é CEO da operação local, CEO Global de Marketing e Member of the Board of Directors. Já o paulistano Rinaldo Luiz Guazzelli, de 41 anos, assumiu em janeiro de 99 o desafio de iniciar as operações da Sitel no Brasil, como diretor de operações. O crescimento o levou a mudar para Madri para apoiar o diretor de operações para América Latina na unificação das operações da Sitel Iberia (Espanha e Portugal) e Sitel América Latina (Brasil, Colômbia, México e Panamá). “Fui convidado para assessorá-lo em projetos na Espanha. Ai começaram os desafios começaram”, lembra o executivo. Um mês depois, assumiu como diretor de operações para Espanha, envolvendo seis sites e quatro mil empregados, acumulando depois como country manager, em Portugal. “Em novembro de 2002, Portugal havia recuperado rentabilidade e, com o suporte de outros líderes, a Espanha superou resultados operacionais e financeiros”, relembra. A experiência internacional de Guazzelli, atual country manager da Sitel para o Brasil, ainda incluiu passagens por México, Argentina e Panamá.
O conhecimento é outro motivo forte para a exportação de profissionais em áreas estratégicas das corporações. Um dos exemplos é Julio de Angelis, diretor geral da Englishtown no Brasil. A experiência associada ao crescimento da operação brasileira, apoiada principalmente na área de vendas por meio da operação de callcenter, lhe rendeu reconhecimento internacional, o que o levou a ser convidado a gerenciar a operação européia. Caso semelhante é o de Paulo Araujo, gerente de marketing de relacionamento, trade marketing e licenciamento de produtos da Novartis para a América Latina. Na empresa desde 2006, o executivo assumiu o atual cargo já em 2007. Entre os fatores apontados por Araujo está a experiência anterior no Peppers & Rogers Group, quando atuou na América Latina. “Além disso, o Brasil é o país mais importante da região para a Novartis e acabei tendo muita exposição com a equipe regional ao discutir e apresentar os resultados e planos futuros para apoio à adesão ao tratamento dos pacientes brasileiros”, explica. Também na área farmacêutica, André Veloso assumiu recentemente o cargo de gerente de soluções ao cliente e multicanais da MSD – Merck Sharp & Dohme. O executivo irá atuar em todas as áreas de interação com o cliente, além de responder por projetos piloto de inovação para implementação local e na América Latina. A carreira internacional começou em 2000 quando, trabalhando na Peppers and Rogers Group,teve a oportunidade de participar e liderar projetos em diversos países na América Latina. “Esta experiência me levou a indústria farmacêutica, onde concorri pela posição de liderança na implementação do projeto de CRM na América Latina da Roche”, comenta. Agora, na MSD, o desafio de Veloso é aproveitar a experiência internacional que teve para inovar nos processos da afiliada local e, trabalhando em sintonia com os outros países da região, desenvolver a área como um centro de inovação e desempenho.
A área de tecnologia também levou executivos brasileiros no exterior. Formada em Administração de Empresas pela FGV, com intercâmbio em Administração Internacional realizada na França, Elaine Ferreira chegou a Altitude Software e em apenas sete meses reestruturou a área financeira. Como resultado, foi convidada, aos 29 anos, a assumir a operação da empresa no Brasil. Hoje, ela responde por toda a América Latina. Responsável pela abertura de unidades na região e a estruturação de uma ampla rede de distribuição, Elaine tem sob seu comando uma região que representa grande parte do faturamento mundial da Altitude Software e que é a maior unidade do grupo em base instalada.
Também no comando para a América Latina está Humberto Cagno, da Siemens Enterprise Communications. O executivo, que iniciou a carreira na empresa como estagiário, teve sua primeira oportunidade internacional na DSC Communications quando assumiu o cargo de vice presidente para América Latina. O executivo atribui principalmente ao network no mercado de telecomunicações, a formação acadêmica e a forma como trabalha com as pessoas como fundamentais para o desenvolvimento de sua carreira internacional. Hoje, além da responsabilidade pelos negócios na região, Cagno é parte do Sênior Executive Team da empresa, reportando ao CEO mundial. “Isso proporciona a minha participação em todas as decisões estratégicas do Grupo”, explica. Também na área de tecnologia, outro exemplo é Marcos Moraes. Na Nice System desde 2004, quando ingressou como gerente de vendas, o executivo começou sua projeção internacional um ano e meio depois ao ser selecionado para participar do processo de escolha do novo diretor de vendas para América Latina, posição que tinha a responsabilidade sobre todas as linhas de negócios da companhia na região. “Fui selecionado pelo conhecimento da região, do mercado, pelos resultados apresentados e pelos relacionamentos internos, com os principais parceiros de negócios e com os principais clientes da companhia na região”, conta. Dois anos depois, e com a apresentação de um resultado que duplicou os negócios da Nice na região, Moraes foi promovido ao cargo de vice presidente regional de vendas para a América Latina, assumindo a responsabilidade de estabelecer mais fortemente a presença da empresa na região, por meio do crescimento da equipe e da abertura de operações nos principais mercados. E eles consideram aberta a janela profissional.