Murilo Menezes, gerente geral da Juvo

Acesso a crédito pessoal: a importância de entender a realidade de quem mais precisa

As fintechs desempenham um papel fundamental ao desenvolver soluções inovadoras para atender a este público negligenciado

Autor: Murilo Menezes

Identificar a demanda e entender o cliente, para saber como ajudá-lo da melhor forma possível. Isso é uma premissa de qualquer empresa ao oferecer novos produtos e serviços. No mercado de crédito, entretanto, pode ser que o entendimento da realidade e a melhor solução para atendê-la não sejam tão óbvios assim. 

Entre brasileiros das classes C, D e E, 26% tentaram algum empréstimo nos últimos cinco anos e 8% deles não tiveram crédito pessoal aprovado, segundo pesquisa da Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica) encomendada pela Juvo. Enquanto isso, um estudo da Serasa Experian revelou que mais de 35 milhões de brasileiros não possuem um histórico financeiro formal. 

Ou seja, há milhões de pessoas precisando de crédito, mas muitos pedidos provavelmente são negados por que elas não estão bem representadas nos birôs de crédito tradicionais e os grandes bancos acabam não aprovando empréstimos para elas. E quando aprovam, oferecem juros muito altos devido ao que consideram um crédito de alto risco. Mas faz sentido? Até que ponto isto é sustentável e atende de fato o cliente? 

Desta forma, quem mais precisa – aquele para quem um microcrédito vai fazer toda a diferença – acaba não tendo acesso a ele ou vai se endividar com custos finais acima do que poderia pagar. 

As fintechs e a democratização do acesso ao microcrédito

Neste contexto, as fintechs desempenham um papel fundamental ao desenvolver soluções inovadoras para atender a este público negligenciado. Um exemplo é utilizar tecnologia e avanços da IA para criar um score de crédito alternativo para quem não tem histórico financeiro formal, gerando assim oportunidades para quem mais precisa.

Mas como ir além, entendendo mais a fundo este cliente, adaptando-se melhor à sua realidade? Por que não unir os recursos tecnológicos para definição de um score alternativo com, por exemplo, a estrutura de um empréstimo com garantia, só que adequado ao público?

Qual bem ou ativo é de fato “democrático” e universal e poderia proporcionar acesso a microcrédito com juros mais baixos? Temos no Brasil 258 milhões de smartphones, 1,2 por habitante, de acordo com a pesquisa de 2024 do Centro de Tecnologia de Informação Aplicada (FGVcia). Por que não este ser o bem que a pessoa que precisa de crédito use como garantia, se isso vai proporcionar acesso a empréstimo com juros baixos?

Acredito que ainda há muito mais a ser criado. O setor financeiro, impulsionado pelas fintechs, tem um enorme potencial para pensar em alternativas e soluções cada vez mais inovadoras para atender a esta demanda de acesso a crédito. E, com isso, gerar inclusão financeira e contribuir para fortalecer a economia do país.

Murilo Menezes é gerente geral da Juvo.

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