Roberto Otake, CEO da Sakura Alimentos

Adaptar com propósito é chave para liderança no setor de alimentos 

Personalizar deixou de ser um diferencial e passou a ser um fator crítico de competitividade

Autor: Roberto Otake

Nos últimos anos, o setor alimentício tem vivido mudanças consistentes. O avanço tecnológico, a popularização do comportamento em rede e o olhar mais atento do consumidor para as origens dos produtos transformaram a forma como as marcas se posicionam. Não basta mais entregar qualidade, é preciso demonstrar e reforçar o sentido, contexto e diálogo. 

Esse cenário exige algo que, para muitas empresas, ainda soa desafiador: personalizar sem perder coerência. Ou seja, entender hábitos, identificar padrões e ajustar experiências, tudo isso mantendo intactos os atributos que sustentam a reputação da marca. 

Essa consciência levou muitas companhias a aprofundarem o perfil de seus produtos, resgatando características tradicionais que, com o tempo, se revelaram diferenciais valiosos no mercado atual. Um exemplo é o uso de ingredientes que, originalmente pensados para atender ao paladar local, hoje também dialogam com tendências de saúde e restrições alimentares.

Em paralelo, algumas marcas apostaram em versões mais sofisticadas de seus produtos principais, investindo anos em pesquisa e desenvolvimento para alcançar combinações que aliam tecnologia de ponta a processos artesanais. Em um caso específico, o resultado foi um produto com patente internacional — uma conquista rara no setor — que simboliza como tradição e inovação podem caminhar juntas com propósito.

A busca por adaptação também exige visão sobre comportamento. Os consumidores mudaram e continuam mudando. São cada vez mais exigentes e interessados em se conectar com marcas que compartilham seus valores. Por isso, cada vez mais, nossas decisões são orientadas por dados, combinados com escuta social e observação do cotidiano real. 

Essa abordagem é confirmada por dados do estudo “This Next in Personalization 2021 Report”, da McKinsey & Company, que apontam que 76% dos consumidores se sentem frustrados quando a experiência de marca não é personalizada. E mais: as empresas que investem em personalização crescem 40% mais rápido do que aquelas que não fazem esse movimento. O recado é claro: personalizar deixou de ser um diferencial e passou a ser um fator crítico de competitividade. 

Investir em personalização não significa diluir identidade. Pelo contrário: é uma forma de aprofundá-la. Criar soluções alinhadas ao momento de vida do público, manter coerência em cada contato, traduzir tendências com responsabilidade. Tudo isso fortalece vínculo, valor e lembrança. 

No setor de alimentos, onde sabor e memória caminham juntos, essa consistência é ainda mais importante. Não estamos lidando apenas com produto, mas com afeto, cultura e rituais. Por isso, o espaço que uma marca ocupa na mesa é conquistado com sensibilidade e visão estratégica. 

Acredito que a liderança, nesse novo contexto, será mantida por quem souber equilibrar inovação com origem. Por quem adapta, mas não se descaracteriza. Por quem ouve, mas não se dispersa. Por quem evolui, sem apagar o que construiu. 

Adaptar com propósito não é apenas responder ao mercado. É inspirar e liderar novas tendências, reafirmando compromisso com quem já confia na marca e com quem está por vir. 

Roberto Otake é CEO da Sakura Alimentos.

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