Thiago Hortolan, CEO da Tech Rocket

Black Friday 4.0: quem não integrar canais, perderá clientes

Muito mais do que descontos agressivos, data pede consistência das empresas

Autor: Thiago Hortolan

Todos os anos, a Black Friday é apontada como o grande momento do varejo, só perdendo para o Dia das Mães e o Natal. Somente para esse ano, segundo dados da Abcomm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico) há a projeção de um faturamento de mais de R$13 bilhões para o varejo, impulsionado pelo on-line.

Mas, em uma era cada vez mais digital, o desafio não é vender mais e sim entregar a experiência fluída, sem fronteiras entre o físico e o digital. É por isso que podemos afirmar que hoje vivemos na Black Friday 4.0, que exige das empresas estratégias de integração. Não se trata mais de pensar em canais separados, mas em um ecossistema no qual o cliente pode começar a jornada pelo Instagram, comparar preços em um marketplace, finalizar a compra no site oficial da marca e, se quiser, retirar na loja física, sem burocracias.

Porém, esse trabalho exige inteligência estratégica: dados que se conversam, plataformas que se integram e decisões que acontecem em tempo real. É exatamente nesse ponto que a inteligência artificial se torna fundamental. Com a IA, empresas conseguem mapear o comportamento do consumidor em diferentes canais, prever demandas, ajustar preços dinâmicos, personalizar ofertas, programas de fidelidade e até recomendar o melhor ponto de contato para cada cliente. 

Vale ressaltar que a tecnologia não substitui a experiência humana: ela potencializa a tomada de decisão e garante que cada interação seja relevante. No entanto, na prática o que vemos é que muitas empresas ainda trabalham como antigamente, isoladas. A loja física não se integra ao e-commerce, o marketplace segue ‘sozinho’ e as ações em social commerce são tratadas como campanhas pontuais. 

Como consequência, o consumidor sente a fragmentação: preços discrepantes em canais distintos, prazos de entrega inconsistentes e falta de clareza na comunicação. E, diante da frustração, ele abandona o carrinho e leva sua compra para o concorrente, que oferece tudo sem complicações.

Essa é a maior prova de que a Black Friday exige muito mais do que descontos agressivos: pede consistência. A empresa que conseguir integrar seus canais, alinhar preços, unificar estoques e oferecer uma jornada contínua não apenas venderá mais, mas conquistará algo muito mais valioso, a confiança do consumidor.

A meu ver, o futuro das empresas não é sobre escolher entre o físico e digital, mas sim sobre entender que o cliente já vive em ambos ao mesmo tempo. Cabe a elas construir essa ponte com inteligência, tecnologia e estratégia. Para este ano, a pergunta que deve guiar o varejo não é apenas “Quanto vamos vender na Black Friday”, mas sim, “Como vamos oferecer uma jornada personalizada sem rupturas para os clientes”?.

E esse é o verdadeiro sentido da Black Friday 4.0: quando os mais diversos canais deixam de competir entre si para trabalhar em conjunto, as empresas saem na frente da concorrência e os clientes também ganham e saem satisfeitos. 

Thiago Hortolan é CEO da Tech Rocket.

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