Manterrupting, Mansplaining, Bropriating e outras pragas!
A gente ouve o tempo todo: você, sua amiga, seu colega na empresa, um prestador de serviço, alguém da família, todos têm uma história desagradável de trabalho pra contar. Independe de cargos, gêneros, segmentos, geografia. Faz parte do dia-a-dia, são pequenas (ou grandes) atitudes que vão de abuso de poder ao manterrruping ou mansplaining, formas reais de machismo, para citar algumas.
Experiências que não deveriam mais fazer parte do cardápio corporativo, mas estão lá escondidinhas, na página 2, em letras miúdas. Algumas são leves, outras mais complicadas, mas irritantes da mesma forma. É bom lembrar que todos erramos, mas é preciso ficar atento para evitar comportamentos que pegam mal e criam um clima pesado na empresa.
- Alguém cria um draft de uma super campanha. É marcada uma reunião com o departamento para validação de ideias e voilà! Não é que o tal draft virou uma versão turbinada com “novas” ideias, que agradam todo mundo, inclusive o chefe, que parabeniza o colaborador pela criatividade? A ideia não é dele – ou dela – mas ninguém vai saber. Isto é o “bropriating”. Quando um “mano, brother, colega” se apropria da ideia de outra pessoa. Usurpador!
- “Think outside the box”, ou ser bem criativo é um convite irrecusável para jovens talentos, que na tentativa de mostrar trabalho ou justificar a contratação, apresentam ideias mirabolantes, geniais, que nada têm a ver com a cultura da empresa. Bom, eles nem perguntaram qual seria, porque afinal, têm “sangue nos olhos”, característica preciosa para alguns gestores, que aplaudem de pé os pequenos Narcisos! É por isso que algumas campanhas falham de forma gritante. Guris, mirem-se em alguns gurus antes de sair atirando!
- “Você não tem experiência. Precisamos de alguém com mais bagagem”. Como alguém pode ter experiência se ninguém dá a chance para a pessoa começar? Será que o recrutador pode dar um crédito para alguém que está muito a fim de trabalhar e fará de tudo para agregar valor e ajudar nos negócios? Pessoas de pouca fé, viu!
- Ouvir todos os dias alguns funcionários começarem uma história assim: “A verdade é que” ..Ora, quem é o dono da verdade? Se alguém começa uma frase desta forma, invalida qualquer ideia que o interlocutor possa ter, já que tem “a verdade” na mão, então o resto deve ser mentira. É o famoso rei do pedaço.
- Histórias repetitivas, normalmente relatadas por colegas que supervalorizam sua própria experiência são muito chatas. Começa assim: “Eu tinha um funcionário..e senta que lá vem história”. Normalmente são contadas em tons monocórdicos, porque perderam o viço e viram lendas, que depois de tantas repetições passam a ser verdade, talvez até para eles mesmos. Estes são os Saudosistas!
- Aí vem o amigo, parente, sobrinho do amigo com um pedido básico: “Será que você pode dar uma olhadinha neste: (escolha um item): “contrato de compra de imóvel, revisão de Curriculum em inglês, criação de carta de apresentação, texto para um folheto, tradução de um texto, escolha da melhor foto para perfil? Depois dizem que a gente não sabe cobrar! Como cobrar, se não existe propriamente um “job” na mesa? “É só uma olhadinha”, eles dizem. Pessoal, parem! As pessoas investiram tempo, energia e dinheiro em conhecimento. Esta olhadinha tem uma expertise. Olhar custa!
- Tem aquela: “Será que você consegue arrumar um estágio para o filho do meu amigo?”. Acabou de se formar em engenharia. Super gênio! Sim, e você é um super recrutador! Vai lá! Encaixa o garoto e faz o curriculum do menino!
- “Será que você tem uns contatos bons pra me passar? Estou precisando vender meus serviços”. Sabe aquelas conexões que você construiu ao longo da sua carreira? Coincidência! Temos o mesmo objetivo! Vamos juntos! Todo mundo quer ir pelo acostamento, não é?
- “Não te contratam porque você é muito caro ou maduro”. Vamos lá: Como uma pessoa é cara se ela está desempregada? E desde quando maturidade é empecilho? Ouviram isto, Rolling Stones?
- “Mansplaining” e “manterrupting”. Manterrupting é a junção das palavras “homem” e “interrupção”. Quando você não consegue explicar uma ideia porque é interrompida o tempo todo pelos colegas, e aí acaba perdendo até o fio da meada. Meninos, respeito, por favor! Mansplaining é a junção das palavras “homem” e “explicação”. É a forma bem didática de explicar a uma mulher uma coisa (muito) óbvia. É infantilizar a mulher. A gente sabe como funciona a hierarquia da empresa, os procedimentos o que falar quando ligar para o cliente. Ok?
- Você resolve o problema uma vez e consequentemente herda uma tarefa que não é sua, mas vamos lá, você fez tão bem, por que não continuar fazendo? “Não precisa surtar, só leva um minuto”. Leva horas! Ok, hora da meditação: “Eu confio, eu entrego, eu dou uma surtada e eu agradeço”. Repita até se cansar.
- Você resolveu aquele problema espinhoso superbem! Então você começa a resolver problemas dos familiares dos colegas da empresa, porque você tem os contatos certos. Desculpe, isto não faz parte da minha “job description”. By the way, eu não tenho uma “job description, tá? “
- Você compartilha uma sala com (pode escolher): alguém que fala muito alto, adora contar piadas, reclama da família o tempo todo, gosta do ar condicionado em níveis siberianos, adora trazer o almoço e comer na sala e canta em alto e em bom tom o que está tocando no fone de ouvido. Pensa nas pessoas que não tem emprego.
- Seu chefe marca uma reunião às 5:00 hs, mas liga avisando que está no trânsito e vai atrasar. É sexta-feira, chove, em São Paulo. Hora da meditação, então!
- A “turma da firma” adora almoçar todos os dias no mesmo horário, no mesmo restaurante, basicamente falando o mesmo assunto, mas quem é você para contrariar o grupo? Dá para marcar consultas médicas durante o almoço, sabia? Hora de check-up ou rever aquele amigo da Faculdade! Todo mundo quer mudança, mas ninguém quer mudar, não é?
Você já passou por alguma dessas situações? Lembrou de alguma outra? Como resolveu?
Abraços
Gladis