Camila Abdelmalack, economista da Serasa Experian

Cadastro Positivo amplia taxas de aprovação de crédito e reduz inadimplência

Pesquisa da Serasa Experian mostra que aprovação cresceu mantendo o índice de inadimplência; já a redução de 12% ocorreu com a mesma taxa de concessões

Um estudo da Serasa Experian revelou que as informações provenientes do Cadastro Positivo permitiram que as empresas aumentassem suas taxas de aprovação de crédito, em média, 22%. Considerando uma base de 2 milhões de CPFs e algumas faixas de taxa de inadimplência do mercado, entre 3% e 10%, a análise comparou os índices de aprovação com e sem dados do Cadastro Positivo. Em todas as faixas, observou-se um aumento nos índices de concessão de crédito. O percentual de 22% foi a média obtida a partir do aumento percentual de cada parcela. 

Olhando, por exemplo, para empresas que operam com a taxa de inadimplência em torno de 4% foi possível, com a inclusão das informações do Cadastro Positivo, a ampliação nos números de aprovação em 35%, saindo de 20% para 27%. “O Cadastro Positivo se consolidou como uma ferramenta estratégica para empresas, permitindo uma concessão de crédito mais segura e precisa. A incorporação do histórico de pagamentos pontuais reduz o risco e melhora a qualidade da carteira de crédito, permitindo um conhecimento mais aprofundado do perfil do cliente beneficiado. Isso também gera benefícios para os consumidores, que passam a ter mais oportunidades de comprar a prazo ou obter empréstimos, já que o credor tem mais informações sobre seus hábitos de pagamento e, consequentemente, aprova mais. Esse movimento contribui para a democratização do crédito”, afirmou Camila Abdelmalack, economista da Serasa Experian.

Redução da inadimplência

O levantamento também aponta que a análise do histórico de pagamentos, que traz uma visão e um aspecto comportamental dos consumidores, foi possível ser mais assertivo na concessão. Isso proporcionou uma redução média de 12% na inadimplência. Ao comparar taxas de aprovação de 20% a 80%, com e sem dados do Cadastro Positivo, verificou-se uma diminuição percentual em todas as faixas analisadas. O resultado de 12% foi obtido a partir da média percentual que o uso dos dados do Cadastro Positivo proporcionou.

Empresas que trabalham com taxas de aprovação em torno de 20%, por exemplo, podem, ao incluir informações sobre os hábitos de pagamento em suas análises, elevar esse percentual para 30%, o que representa um aumento de 50% na aprovação de clientes, sem elevação do risco de inadimplência. Já para as empresas que operam com uma taxa de aprovação em torno de 40%, o estudo demonstrou que, com os dados do Cadastro Positivo, esse índice pode subir para 50%, um acréscimo de 25% no volume de clientes aprovados, sem impactar a taxa de inadimplência.

Cadastro Positivo aumenta a acurácia dos modelos de crédito em 4 pontos de KS

Além de ampliar o acesso ao crédito, as informações do Cadastro Positivo trouxeram avanços no desenvolvimento de produtos e serviços financeiros mais precisos. O estudo apontou que as informações obtidas a partir do Cadastro Positivo acrescentaram 4 pontos percentuais em KS, ou seja, um ganho de acurácia em comparação ao modelo sem os dados do Cadastro Positivo. O KS (Kolmogorov-Smirnov) é uma métrica estatística que mede a capacidade de um modelo de crédito em diferenciar bons e maus pagadores. Quanto maior o valor de KS, mais eficiente o modelo se torna na classificação dos consumidores com base em seu comportamento de pagamento.

Setorialmente, o varejo foi o segmento mais beneficiado, com um ganho de quase 5 pontos percentuais. Bancos e financeiras aprimoraram seus modelos em 4,66 pontos percentuais, enquanto as cooperativas registraram um aumento de quase 2 pontos percentuais.

Segundo Camila, todos os componentes do Cadastro Positivo se complementam para esse cenário benéfico. “Em um cenário macroeconômico desafiador, o acesso a informações dos consumidores é fundamental. Isso permite a criação e melhoria dos produtos de crédito e, consequentemente, das análises e concessões. O Cadastro Positivo faz parte dessa evolução de crédito, trazendo esses dados comportamentais para as empresas. A partir disso, é possível aprimorar ainda mais o mercado, com inclusão de dados alternativos e a conexão em tempo real. Em tempos de instantaneidade e um consumidor mais exigente, essas mudanças trazem mais precisão e uma visão mais acurada e trazem vantagens para o próprio consumidor”.    

Metodologia

O estudo utilizou uma amostra de aproximadamente 2 milhões de CPFs anonimizados, representativos do cenário brasileiro e ativos no mercado de crédito. Foram comparados modelos de crédito que utilizam dados do Cadastro Positivo com aqueles que utilizam apenas informações negativas, considerando três pilares principais: taxa de aprovação, precisão dos modelos (KS) e setores beneficiados. Os dados de inadimplência utilizados refletem médias de mercado e os valores podem variar conforme o perfil de cada cliente.

Deixe um comentário

Rolar para cima