Na Era do Conhecimento as equipes serão o grande patrimônio das empresas, sendo que não conseguir formá-las é uma das características principais da organização sem liderança. Por outro lado, os ciclos de vida dos produtos estão cada vez mais curtos. Vejamos alguns exemplos mais explícitos: o videocassete, as calculadoras, as copiadoras, as máquinas de escrever eletrônicas. São produtos gerados na década de 70, e alguns deles estão em declínio absoluto.
Agora veja os seguintes produtos gerados na década de 80: fax, secretárias eletrônicas, drives para disquetes, antenas parabólicas, software para computadores pessoais, compact disc. Tente imaginar o tempo de vida desses produtos e compare com as alternativas que vêm surgindo, que resolvem o problema do cliente de maneira mais moderna e, muitas vezes, mais barata. Vamos para a década de 90: laptops, TV de alta definição, monitores de alta resolução, videocassete digital, rádio celular.
Conclui-se que os produtos são alternativas para solucionar os problemas dos clientes, apenas isso. Não dá para se apaixonar pelos produtos como os empreendedores costumavam fazer na era industrial, quando os produtos estavam acima do bem e do mal e, se os clientes os rejeitavam, trocavam-se os clientes e mantinham-se os produtos. Se os funcionários não os produziam ou vendiam devidamente, demitiam-se os funcionários mas os produtos eram mantidos intactos.
O mais espantoso desse novo mundo empresarial é que não são apenas os produtos que estão tendo seus ciclos de vida reduzidos. Também os ciclos de vida dos negócios estão sendo reduzidos. É por isso que, com alguma freqüência, os negócios precisam ser revistos a partir do exercício de construção de cenários. Em um ambiente de alta velocidade de mudança, perde-se com facilidade a sincronia entre foco, negócio e competência básica. Com isso, objetivos que antes eram importantes deixam de sê-los, e outros objetivos tomam o seu lugar. É por isso que não dá mais para ter uma empresa rígida traduzida em organogramas, cargos, planos de carreiras e normas. Tudo o que torna a empresa inflexível é nocivo para a sua existência. Flexibilidade é fundamental para participar com sucesso do novo mundo dos negócios.
Mas sempre há um porém: É bom que se entenda o que é flexibilidade. Uma coisa é mudar freneticamente por estar desnorteado. “Mudancismo” não traz progressos e pode levar a empresa à bancarrota. Mudar é necessário mas com um norte, uma direção, um sentido. Mudar e neutralizar valores, cultura e a alma da empresa é como caminhar para o cadafalso. Lembre-se da seguinte metáfora quando pensar em flexibilidade: a árvore enverga-se à força dos ventos mas mantém as suas raízes firmes no solo. Assim deve ser uma empresa, flexível à força dos ventos dos ambientes e dos obstáculos do dia-a-dia, mas sem perder os valores que são a sua base de sustentação.
Voltamos ao ponto-chave da questão: Se os produtos são apenas alternativas para solucionar os problemas dos clientes, e se os negócios estão com os seus ciclos de vida cada vez mais reduzidos, o que fazer?
Forme uma equipe com gente inteligente e criativa, com capacidades como a de perceber oportunidades no ambiente, de ter idéias inovadoras, de entender o que o cliente quer mas não sabe como dizer. Diferentemente dos produtos e dos negócios, o ciclo de vida das equipes é ascendente. O tempo e o amadurecimento só tornam as equipes cada vez melhores. A liderança da Era do Conhecimento é capaz disso.
Roberto Adami Tranjan é diretor da Cempre – Conhecimento & Educação Empresarial