Autora: Cíntia Bortotto
Um grande desafio das empresas nos dias de hoje é encontrar líderes ou futuros líderes que já tenham um bom arsenal de competências desenvolvidas para a próxima posição, apenas para que a empresa possa investir em alguns poucos gaps que precisam ser sanados ou melhor orientados. Em geral, elas encontram bons técnicos, mas que não têm competências de gestão, principalmente nos aspectos de gestão de pessoas e relacionamentos.
No caso de bons técnicos que não se tornam bons líderes, temos instituições de ensino que não preparam para competências relacionais e, portanto, acham que o simples fato de se fazer trabalhos em grupo, por exemplo, podem sanar estas questões. Não tratam nada direcionado. Temos então competências exigidas no mercado que não são trabalhadas na esfera das instituições de ensino. Se a pessoa tiver traços de personalidade que ajudem neste aspecto relacional ou outras instituições, família, clubes, instituições religiosas onde ele possa exercitar tal competência, tanto melhor, do contrário, não estará preparado por não ter exercitado.
Temos também pessoas que têm o que chamamos de ´pontos cegos´. Temos um cenário de pouco incentivo ao autoconhecimento, pouco feedback, o que faz com que a pessoa se enxergue de uma maneira diferente do que é, ou seja, ela não escuta feedback e também não busca se conhecer. Quando ela tem de entrar em contato com o que precisa ser desenvolvido, se for muito distante do que ela tem como autoimagem, pode ser impossível do ponto de vista psicológico dela lidar com a situação e, então, ela nega como forma de defesa.
As pessoas têm dificuldade de dizer o que pensam porque não querem “magoar” os outros enquanto que, por outro lado, temos pessoas que se magoam demais com feedbacks verdadeiros e os rotulam de grosseiros, mesmo não sendo. Assim, este cenário de pouco conhecimento acerca de si mesmo se agrava.
Nesse contexto, é preciso ter alinhamento sobre o programa e a forma de preparar os líderes com a alta gestão da companhia. É necessário definir bem o perfil que precisa ser trabalhado e o que pode ser feito de forma coletiva e o que terá mais efetividade se for trabalhado em um processo individual, através de coaching, por exemplo. É fundamental encontrar bons parceiros para realizar tanto o coletivo através de treinamentos e programas de desenvolvimento como o individual. Por fim, faz-se necessário encontrar e desenvolver ferramentas que tratem a retenção deste profissional, investindo na preparação dele como futuro líder ou sucessor. Se você é um líder nato ou está se desenvolvendo, siga confiante e boa sorte!
Cíntia Bortotto é consultora em Recursos Humanos.