A força do storytelling

Autor: Julio Cesar da Costa
O storytelling pode ser traduzido para o português como narrativa, embora seu real significado esteja ligado a capacidade de contar histórias relevantes. O termo ganhou força nos últimos anos graças à publicidade, que tem utilizado histórias envolventes para criar relacionamento entre marcas e consumidores. Mas, a verdade é que o storytelling sempre esteve presente na história da humanidade.
Muito antes de nascer o conceito de escola, a arte de contar histórias já era usada por todas as civilizações como método de ensino. Desde a pré-história, passando pelo Egito antigo até chegar aos contos infantis e à vida contemporânea, quem nunca aprendeu nada interpretando “a moral da história” que atire a primeira pedra.
Mas porque será que aprendemos por meio da narrativa? O grande diferencial de aplicar o conceito de storytelling aos métodos de ensino é a criação do contexto. Por meio das situações criadas ao longo da história conseguimos transformar em real aquilo que é intangível em nossa imaginação.
Um bom exemplo de aplicação do storytelling é o método Lego Serious Play (LSP). A metodologia surgiu em 1996, dentro da Lego Company. Na época, a empresa estava perdendo mercado devido ao avanço dos jogos eletrônicos e precisava de um novo processo estratégico. Na busca por alternativas, os criadores do método descobriram que poderiam usar as peças do Lego como uma ferramenta para abordar os problemas organizacionais. Desde então, as técnicas e formas de aplicação tem sido usadas ao redor do mundo e estão conquistando cada dia mais espaço.
 
A técnica estimula o pensamento sistêmico aplicando a metodologia sempre para a resolução de um problema real. Por meio dos brinquedos, os participantes soltam a criatividade e o facilitador estimula a prática de contar histórias para engajar os demais participantes e para imaginar cenários onde o desafio proposto possa ser resolvido. Durante o processo de narrar o contexto, falar e ouvir os outros participantes, são despertados importantes insights para resolução do problema abordado.
 
Ao longo do processo, as metáforas, outro elemento carregado de storytelling, surgem para ajudar no entendimento do cenário. Elas proporcionam um papel construtivo para a cognição. Usar o pensamento figurado é um recurso que o ser humano utiliza sempre que quer dar um sentido mais profundo à sua compreensão de realidade – além de ser uma maneira muito eficaz de memorizar as situações reais ou hipotéticas criadas pelo cérebro.
 
Por fim, e não menos importante, cabe destacar que o storytelling é uma técnica muito indicada para gerar empatia. Através da narrativa, narrador e ouvintes cruzam a história contada com suas próprias experiências de vida. Ao desenvolver esse tipo de sentimento, é possível notar que o nível de engajamento das equipes torna-se maior, favorecendo o relacionamento entre as pessoas. O efeito de proximidade que o storytelling causa, por si só, já justifica a adoção do método.
 
Julio Cesar Costa é fundador da Think Market e facilitador do Lego Serious Play no Brasil.

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