Após meses de negociações o anexo II da NR 17 foi assinado. As empresas têm agora que se adequar a esta nova regulamentação. A princípio toda nova regulamentação trás consigo muitas duvidas e virtualmente mais custos para o empreendimento. Desta vez não somente virtualmente, mas diretamente.
– Como assegurar a nossos clientes a manutenção dos atuais níveis de serviços contratados, com a implantação de duas pausas adicionais de 10 minutos cada?
– Onde acolher meus profissionais durante as pausas?
– Como promover todas estas mudanças em curto espaço de tempo?
A resposta esta na origem da regulamentação. Quando ela começou a ser discutida, o objetivo original era criar condições favoráveis à preservação da saúde física e emocional do profissional de telesserviços adotando-se práticas como: pausas, mobiliário adequado e organização do trabalho. Portanto a regulamentação esta ai, o desafio é implantá-lo de maneira consistente e positiva para que cumpra o objetivo original, contarmos com profissionais mais saudáveis e com atitude positiva para o trabalho.
As pausas devem ser entendidas pelas empresas como uma oportunidade valiosa de estimular a prevenção da saúde e contribuir para que o operador retorne ao trabalho com um desempenho melhor, ou seja, ela deve ser reparadora. As empresas não podem negligenciar estes minutos, abandonando-os. É bom lembrar que é prerrogativa do funcionário definir o que fará nestes minutos de pausa, mas é papel da empresa contribuir para utilização adequada dos mesmos.
Caso contrário as pausas de 10 minutos podem transformar-se em pausas superior e o retomar do ritmo normal da operação ainda, mas lento. Abandonar o funcionário nestes poucos minutos é um mau negócio.
Sugiro a criação de pequenos espaços de convivência, com divisórias baixas, próximas ao local de trabalho, sanitários e bebedouros, com revistas, jornais, etc. Estimule a atividade física neste local (alongamentos e exercícios de voz), estimule a leitura e o que é mais importante estimule o convívio social. A utilização das pausas de maneira adequada contribuirá para atacarmos outros importantes ofensores do empreendimento como o absenteísmo e turn over.
O momento que passamos é similar ao vivido pelas indústrias de autopeças e montadoras na década de 80, naquela época o Brasil era o campeão mundial de acidentes de trabalho com 1.000.000 de afastamento/ano, com perdas materiais e custos hospitalares estimados em 4% do PIB, e produzíamos apenas 700.000 veículos por ano.
Muitas discussões e negociações levam o segmento a fornecer o desjejum (pão com manteiga, leite, café, achocolatado) no inicio da jornada de trabalho. Esta pequena conduta contribuiu de maneira expressiva para redução destas perdas, afinal a principal causa dos acidentes físicos e materiais é a falta de atenção provocada pela fadiga que é acentuada pela falta de alimentação adequada. Hoje as indústrias produzem muito mais veículos, com melhor qualidade com menos acidentes.
Portanto trate a NR17 como uma oportunidade e não somente ameaça. Abrace a Norma com carinho e dance com ela.
Osmir Fernandes da Costa é executivo de oportunidades em callcenter.