Que a crise criou um novo cenário mundial nos negócios e nas empresas todos já sabem. Mas, o que pode ser novidade para alguns é que uma geração de profissionais foi duramente afetada por ela, tanto nos conceitos como na dinâmica. Trata-se da geração Y. Para a Hays, empresa de recrutamento especializado em média e alta gerência, as empresas precisam entender os anseios deste grupo de profissionais para tirar o melhor proveito da convivência entre as diversas gerações e se manter competitiva no mercado, principalmente em tempos de crise.
A geração Y nasceu em meados dos anos 80 e desenvolveu-se numa época de grandes avanços tecnológicos e prosperidade econômica. Conhecida pela velocidade e facilidade em aprender e se desenvolver, é uma geração mais individualista e autônoma, que impõe a opinião e não abre mão de gerenciar simultaneamente a vida pessoal e profissional. “Cresceu vivendo em ação, estimulada por atividades e realizando tarefas múltiplas, por isso, ansiedade e imediatismo são duas fortes características dessa geração”, diz Rodrigo Vianna, gerente da divisão de negócios Marketing & Sales da Hays.
Segundo o executivo, são justamente esses fatores que fazem com que essa geração entregue resultados com rapidez e assertividade, mas deixa os empregadores com “os cabelos em pé” depois de um ano de trabalho. Conforme os desafios vão sendo superados e as atividades vão sendo cumpridas, esses profissionais tendem a se desmotivar rapidamente. Por isso, é importante que as empresas estejam abertas a compreender o comportamento desta geração, principalmente ouvindo o que ela tem a dizer. “Cada empresa tem sua dinâmica e acaba se vendo refém desse ímpeto presente em quase todos os indivíduos da geração Y. O conflito entre empresa e profissional acaba acontecendo e a consequência é que o indivíduo vai ao mercado buscar novos desafios”, diz Vianna.
Impacto da crise – De acordo com a Hays, com a conseqüente escassez de oportunidades no mercado provocada pela crise, os Y sentiram um duro impacto nas crenças. Profissionais de todas as gerações passaram a disputar as mesmas posições nas empresas. Nessa disputa, a característica comportamental de cada uma das gerações acabou sendo o fator decisivo na contratação do profissional. Na opinião de muitos, essa nova geração não é fiel às regras e processos corporativos, enquanto outros defendem que ela é mais flexível e adaptável a qualquer realidade justamente pela ausência de vícios de trabalho. “Neste cenário, cabe à empresa fazer a escolha, e não mais ao candidato selecionar onde quer trabalhar, podendo, assim, equilibrar os recursos humanos com diferentes perfis”, diz o executivo da Hays.
Vianna acredita que daqui pra frente as empresas terão mais poder nessa negociação. Cabe às empresas conseguir adaptar as práticas a um ambiente mais híbrido e participativo. “A criação de uma equipe multidisciplinar, na qual pessoas de todas as gerações possam debater sobre a política da empresa é uma boa saída, podendo assim ouvir todos os lados e apresentar sugestões que possam agradar a todos”, sugere. Além disso, escutar os profissionais, seus anseios e necessidades, é a grande saída para reter profissionais e mantê-los motivados. “Se cada um fizer o seu papel, é fato que teremos um alinhamento entre as gerações quando o mercado retomar seus caminhos de crescimento”, conclui.