A realidade do outsourcing



Autor: Roni de Oliveira Franco
 
O outsourcing sempre foi cercado de mitos. O primeiro deles diz respeito à redução de custos, quando o conceito da prática não é essencialmente este, mas sim racionalizar processos das empresas, incluindo as áreas administrativas, contábeis, fiscais, financeiras e gestão de pessoas. Os prestadores de serviços de outsourcing têm, por outro lado, obrigação de expor com clareza ao mercado o que são capazes de oferecer às organizações para o auxilio na expansão dos negócios.


Considerado um meio de inovação das empresas, o outsourcing permite que elas direcionem seu foco às atividades-fins, responsáveis diretos pela viabilização de negócios e expansão e conquista de mercado. No entanto, o back office administrado de modo competente, apoiado em processos eficazes, por terceiros, permite liberação da empresa para conduzir a linha de frente das suas atividades essenciais sem receio de estabelecer disparidades com as atividades-meios, ou mesmo ser ela instrumento de atravancamento da gestão direcionada em resultados. Quando há disparidade, reforça-se a idéia de que o outsourcing não funciona.


Na verdade, o que provoca tal distorção é o fato de o outsourcing não estar sendo focado com o objetivo de impulsionar os negócios da organização. O seu trato foi essencialmente protocolar de execução de funções, sem, contudo, calcular o benefício ao negócio como um todo, com boa dose de exercício à inovação. Parcerias que não compartilham o alcance de resultados, crescimento mútuo e expansão são fadados a fracassar.


Entretanto, boa parte dos projetos implementados de outsourcing gera retorno de investimento para o contratante. No entanto, o segmento é repleto de itens intangíveis com referência a sua influência dentro das organizações. Um deles refere-se àquilo que os projetos de outsourcing acrescentaram efetivamente de ganho às empresas relacionado exclusivamente à sua atividade-fim.


Para essa medição, é necessário haver intensa colaboração entre o contratante e o contratado. Isto quer dizer troca de informações e dados, que nem sempre são simples de serem abertos pelas empresas que buscam os serviços de outsourcing. Entretanto, isso é necessário para se construir um valor sólido para a prática na organização.


No que tange a contratos, flexibilização é a palavra-chave. Não adianta estabelecer metas rígidas entre contratante e contratado porque, no mundo de hoje, com tantas variáveis, aperfeiçoamentos constantes são movimentos importantes para se alcançar resultados. Isso não quer dizer que não se deva cuidar das obrigações de cada um.


Porém, deve-se acabar com a idéia de desenvolver projetos de outsourcing só porque existe uma ineficiência interna. É preciso detectar o problema, avaliar corretamente a extensão que a ineficiência acarreta para a atividade-fim do negócio e discutir internamente e com o futuro parceiro a melhor forma de se resolver a questão – ou pelo menos contribuir para solucionar.


Detalhe importante que as empresas de outsourcing têm sempre que ficarem atentas é em relação à inovação, pois ela possibilita a ampliação dos negócios e dos mercados e mais foco nas atividades essenciais de uma organização. Enfim, gera impactos positivos.


A dinâmica da inovação está relacionada à perspectiva de futuro. A observação do cenário organizacional e cultural da empresa é fundamental para se chegar a algum lugar com a prática. A sua aplicação requer persistência e envolve medidas gerenciais importantes, além de visão estratégica. Uma delas é de que não basta olhar a inovação apenas como transformador da linha de frente dos negócios. É preciso utilizá-la também nas áreas que abastecem o bom andamento das atividades e dão suporte à produção.


Inovação é cultivar idéias. Parceria define-se também em discuti-las. Empresas de outsourcing comprometidas com os negócios do contratante estão sempre agregando iniciativas inovadoras e voltadas ao sucesso. E só assim, com a adoção dos itens expostos anteriormente, é possível usufruir com plenitude o outsourcing, que visa a favorecer a inovação e melhorar o desempenho das organizações.
 
Roni de Oliveira Franco é sócio da Trevisan Outsourcing e professor da Trevisan Escola de Negócios. ([email protected])

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