Autor: Edilson Menezes
Você consegue se lembrar qual foi o primeiro contato com a expectativa? Quem sabe na primeira idade, quando fez o trabalho escolar sobre o dia das mães e levou para casa aquela flor de papel crepom ou o bilhetinho enfeitado? Será que a expectativa se apresentou quando você aguardava os pais chegarem da reunião que tinham com os seus mestres, sempre com o receio de que trouxessem notícias ruins? Mesmo que fôssemos alunos exemplares, esperávamos, pós-reunião, escutar a terrível frase:
– A professora falou que você está indo bem, mas precisa diminuir a bagunça e as conversinhas com seus colegas!
Convenhamos… Se tem uma coisa que detona o ser humano é envergonhar quem lhe trouxe ao mundo.
Eu amo escrever sob quaisquer circunstâncias e sobre diversificados temas. Mas, quando alguém me pede para explanar sobre específico assunto, a motivação é ainda maior porque une o amor pela arte escrita e o atendimento à demanda dessa pessoa. Carol Santos, gratidão por encomendar este tema, será um prazer servi-la e registro este recado aos demais leitores: peça o seu tema dedicado através do meu e-mail e escreverei com muito carinho!
A lida com as expectativas positivas e negativas exige nossa atenção desde crianças, embora nem saibamos ao certo o que é. Atravessamos a ponte que leva ao futuro e lá estamos nós, sabedores do significado da expressão e dos efeitos nocivos que o seu excesso gera, mas é tarde demais.
O vício de criar expectativas, comumente, se torna tão dominante que impede o antídoto natural, a resiliência, de marcar presença em nossa vida.
Você pode argumentar:
– Mas espere, Sr. Articulista, o antídoto mais eficiente para expectativa em excesso não é a paciência?
Com muita delicadeza, permito-me responder:
– Não! A resiliência nos torna invulneráveis e a paciência nos faz conformistas.
Enquanto você estiver buscando os sonhos, mais promissor e menos indolor é reduzir a expectativa até níveis saudáveis; blindar-se com o escudo da resiliência enquanto o chicote das frustrações temporárias lhe açoita e adotar a paciência como paz – ciência (tenho ciência de que estou em paz, que fiz o melhor possível e não estou apenas esperando).
– Poxa, Edilson, mas a etimologia da palavra paciência não é esta. E daí? Para entender os efeitos da expectativa em excesso, você vai pensar com a lógica? Pense lúdica e filosoficamente!
O equilíbrio das conquistas exige doses idênticas de ação e sentimento. Você se deu ao máximo em favor daquela realização? Ótimo, então mantenha a expectativa e a resiliência no mesmo patamar, para que a primeira lhe mantenha em movimento e a segunda, em total processo de determinação.
Tome cuidado com a lei dos extremos e lembre-se que os nossos avós estavam certos. A diferença entre o remédio e o veneno está na dosagem. Finalizo com três pensamentos:
– Quem se gaba por total desapego de expectativas, por mais que alegue se esforçar, acaba economizando ações e pouco tem a comemorar quando a vida recompensa os esforços estabelecidos. Ou você conhece alguém que encontrou a prosperidade pessoal e profissional sem esperar nada da vida?
– Não seja apenas o saco de pancadas da vida. Blinde-se com a resiliência, mas prepare-se para erguer a cabeça, estufar o peito em postura vencedora e retomar a busca pelos sonhos. Quando? Assim que a dor passar? Não! Levante-se imediatamente e vá com dor e tudo!
– Dentre as suas expectativas positivas e negativas, cultive o primeiro e despreze o segundo grupo. Esperar resultados de sucesso é digno de pessoas que estão dando o melhor de si. Se até aqui você vislumbrou uma perspectiva desfavorável, pare; reflita, mude, recomece e reequilibre a eterna balança que deve pesar com precisão os dois combustíveis que abastecem a sua vida flex: expectativa e resiliência.
Já a escolha, como sempre, é apenas sua!
Edilson Menezes é treinador comportamental e consultor literário. Atua nas áreas de vendas, motivação, liderança e coesão de equipes. ([email protected])