Depois de 27 anos no mercado de cobranças, o empresário Ariovaldo Ferreira começou a perceber a mudança no perfil do mercado. As empresas de call center, para ampliarem o leque, começaram a se especializar na área e disputar clientes. Como alternativa, Ari, como é conhecido, começou a desenhar há pouco mais de dois anos a Adedo, empresa de contact center que iniciou este ano com sua primeira operação. O ativo da Telefônica para oferecer ao mercado os serviços de CPA (atendimento simultâneo, chamada a três e transferência de chamadas), MET (garantia extendida) e Detecta (identificador de chamadas).
E as projeções de Ari são ousadas. Ele transferiu a TecCobra (nome da operadora de cobrança), uma das mais tradicionais empresas de cobrança do País ao lado da extinta Unidos, do centro da capital paulista, onde operava 180 PAs em uma área de 900 m2, para um prédio de 5 mil metros quadrados de área útil em Alphaville, onde já dispõe de 800 PAs instaladas (50% ocupadas) e completa infra-estrutura – operacional, administrativa, telecom, tecnologia, capacitação de recursos humanos – e áreas de alimentação, lazer e descompressão. O projeto já recebeu R$ 7 milhões, com recursos próprios, dos quais R$ 2,5 apenas em tecnologia. E, entre os parceiros, Ari apostou na STT Telecom como gestora tecnológica. A infra-estrutura é Avaya e o sistema de gravação Wittnes (fornecido pela ddCom System).
O objetivo é fechar o ano já se posicionando entre as grandes operações do País, com 2.000 PAs e faturar R$ 80 milhões, o que representa um crescimento de 50% em relação a 2003. Sobre entrar em um mercado altamente competitivo, Ari brinca que, quem fez cobrança, se adapta facilmente. “Em 27 anos, construímos uma carteira invejável de clientes e acumulamos muitos prêmios. O que estou pedindo a eles agora é uma oportunidade de mostrar nossa competência em gerir o relacionamento com seus clientes”, reforça. E foi assim que ele conquistou seu primeiro cliente fora do segmento de cobrança. “Os executivos da Telefônica me falaram o que eu precisa ter para participar de uma concorrência. Eu montei a estrutura e ganhei”, lembra. Sobre o desafio de assumir o risco de uma operação ativa, Ari compara o negócio com a área de cobrança. “Temos que investir em infra-estrutura e pessoal para fazermos a cobrança. Mais: o cliente só nos paga 30 dias depois que recebeu, sem nada de fixo”, compara. “Foi aí que remodelamos todo o nosso negócio para ganhar por taxa de sucesso.”
“A Adedo vai surpreender”, aposta. O desafio é fechar este ano com 2.000 PAs e se transformar “na melhor empresa de contact center do mercado”, como faz questão de frisar. “Como fizemos na área de cobrança”. Para ele, “melhor” em itens como resultados, na resolução dos problemas dos clientes, sempre com trabalho “digno” e que “as pessoas se sintam felizes”. “Mais cedo ou mais tarde as oportunidades aparecem”, diz.