Autora: Mônica Schimenes
O desafio que eu sempre quis está aqui, que é dar voz às mulheres, destaque aos negros e liderança aos LGBTI+. Eu, como mulher, sei como é difícil uma empresária ganhar evidência em um “mundo dos homens” e, por ter vivenciado isso, me comporto de uma forma contrária a essa situação. Sendo assim, acredito profundamente no potencial das mulheres que me cercam e de tantas outras que ainda terão seu espaço conquistado. Com essa mentalidade, a minha empresa teve destaque e sucesso, que perduram mais de 20 anos.
Com o espaço que conquistei, vejo claramente como a pluralidade teve impactos positivos no meu negócio. Pensamentos múltiplos e origens distintas geram visões diferentes e fazem com que a empresa seja um lugar de constante inovação. Mesmo assim, não podemos acreditar que o trabalho já está feito, pois ainda temos muito espaço para conquistar, considerando que – nos últimos 4 anos – o número de mulheres em cargos de liderança diminuiu, segundo o IBGE. Por isso, devemos nos atentar a diferença entre o discurso e a prática.
Muitas práticas estão envolvidas para que essa situação desfavorável perpetue, tanto que uma delas envolve a gestão e o fato de muitos líderes ainda acreditarem que a presença de um filho na vida da mulher é um empecilho para que ela não se dedique ao trabalho, o que sei – por experiência própria, que não é verdade. Nós, mulheres, não precisamos escolher entre trabalho ou família, o “OU” não precisa fazer parte de nossas vidas quando usamos tão bem o “E”. Sou mãe e empresária, sou mãe e cantora, sou mãe e palestrante, sou múltipla.
Além disso, estudos já provaram os inúmeros benefícios palpáveis da presença de mulheres nas empresas, como – por exemplo – números maiores, até mesmo, no patrimônio líquido. As mulheres estão diretamente ligadas a isso, um aumento de 30% da presença feminina em cargos de liderança equivale a um aumento de 15% de rentabilidade, segundo o Instituto Peterson de Economia Internacional.
O que precisamos agora é de uma mudança de pensamento para dar espaço àquelas que tanto se dedicam ao que fazem. As mulheres são inovadoras, multidisciplinares e tantas outras coisas, que deixam as empresas que contam com elas a frente das demais. Ainda mais quando se trata de inovação, gerando uma proposta de ainda mais valor para o negócio, sendo possível apenas com as perspectivas diferentes que grupos diversos podem trazer.
Como líder, estou atenta ao cenário ao meu redor, fazendo dele uma parte da minha transformação, enxergando oportunidades, fomentando discussões, buscando e propagando conhecimento sobre inclusão – tópicos esses tão importantes na sociedade, ainda mais se falando de um país tão diverso como o Brasil. Gosto da forma como Vernã Myers – VP de Inclusão da Netflix – trata essa questão, pois ela reconhece duas situações e as diferencia como ´convite ao baile´ e ´convite para dançar´ – a primeira delas é feita por pessoas que acreditam na diversidade e a segunda é para quem realmente transforma a realidade. Eu, por exemplo, danço quando mentoro, empodero, compartilho, vivo, dou voz e vez a mulheres e ao potencial que vejo em cada uma dela.
Portanto, o desafio de dar voz às mulheres é uma das grandes conquistas da minha empresa. A inclusão é para mim um realidade trabalhada diariamente. Além de impactos positivos no dia a dia, busco fazer com que elas acreditem que podem ser o que quiserem ser, onde quiserem e como quiserem, o que é fundamental para formação de grandes líderes.
Mônica Schimenes é fundadora e CEO da MCM Brand Group.