Como livrar-se da mágoa

Autor: Edilson Menezes
Ninguém cura a mágoa que coloca debaixo do tapete só porque pisa nela todo dia.
E daí, Sr. Articulista? O que o Sr. tem a ver com isso, se escreve semanalmente sobre vendas, gestão e carreira?
Tudo a ver, acreditem! Ninguém consegue êxito carregando o fardo da mágoa. Sabe por que? É um sentimento “úmido”. Significa que quanto mais velha é a mágoa, mais úmido e pesado se torna o fardo.
Já a prosperidade é um sentimento leve como uma pena. Significa que as pessoas habituadas ao carregamento de fardos pesados terão dificuldade para lidar com algo tão leve como a prosperidade.
Equivale, em analogia, a pedir que um elefante seja delicado na loja de cristais. É como contratar um estivador e incumbi-lo de transportar obras de arte delicadíssimas. Ou seja, são pesos e medidas incompatíveis com o perfil de quem carrega. Vasculhe em sua memória e constate se conheceu longevos rancorosos. Pode ser triste, mas é um fato:
Quanto mais intolerância, menos saúde. Quanto mais inflexibilidade, menores resultados. Quanto mais rancor, menos vida.
Conheci profissionais que migram de uma empresa a outra e nada tenho contra esta prática, desde que represente a estratégia de carreira da pessoa e não a sua dificuldade de conviver com semelhantes e empresas. Pior que isso é o fardo da mágoa que vai ficando mais úmido. Por exemplo:
A pessoa deixa a empresa X e vai para a Y. Alega que seu chefe era ruim. Pouco tempo depois, deixa a Y e justifica que a empresa era ruim. Parte para a empresa Z e leva para esta última toda a suposta injustiça da qual foi vítima nas outras duas (estas pessoas têm a incrível habilidade de se observarem como vítimas). De empresa em empresa, de fardo em fardo, de mágoa em mágoa, se transformam em depósitos do baixo astral.
Então, a vida, sempre justa e generosa, certo dia decide segurar por um instante toda a mágoa desta pessoa. Coloca diante dela a levíssima pena da prosperidade no formato de um grande emprego, um contrato novo ou um grande amor. Aí nasce outro problema: de tão agarrada que está ao velho e pesado fardo, a pessoa se recusa a deixá-lo por um instante sequer. Torna-se cega e viciada pela mágoa que carrega. Não se imagina merecedora do que a vida oferece e ainda diz:
– Vou tentar por tentar, mas isso não é pra mim!

Antes de ser vencida, a mágoa não existe. Antes de ser tratada, a depressão não existe. Logo, as pessoas lutam contra a mágoa e a depressão como consequência, mas deveriam fazê-lo por prevenção.
Vamos supor que você compartilhe esta frase que acabei de criar com uma pessoa rancorosa. Como se trata de um pensamento novo, ela vai reagir contrariamente, como reage a tudo que a vida coloca em seu caminho para aliviar o úmido fardo da mágoa. A pessoa talvez lhe dirá:
– Olha, a frase é até bonitinha, mas na prática tá cheio de gente por aí com mágoa e depressão. Falar é fácil, mas a vida não é um mar de rosas!
Aposto que você acaba pensar em alguém que é mais ou menos assim. Que tal ajudar, pensando nas principais áreas da existência; pessoal e profissional?
As grandes conquistas profissionais jamais serão isentas de dores e mágoas. Por outro lado, a vida não destina nenhum grande trabalho a quem não consegue evitar a mágoa e mais ainda; proíbe o sucesso profissional a quem não consegue abandonar a mágoa. Cinco possibilidades:
– Amadurecer para calejar o dorso e deixá-lo firme para carregar a mágoa;
– Plantar sementes de perdão e amor, sentimentos que sobrepujam a erva daninha da mágoa;
– Desistir do sucesso, pois isso é coisa de quem não sabe como é a vida de verdade;
– Dar o melhor de si e entender que quanto mais pratica o seu melhor, mais longe fica das mágoas que tentam te alcançar;
– Deixar para os seus filhos e netos um legado pleno, segundo o qual todos falarão de seu positivismo profissional, quando não estiver mais nesta vida.
A vida pessoal equilibrada e plena passa por etapas críticas e, muitas vezes, coloca em nosso caminho pessoas que cedo ou tarde irão parecer especialistas em nos magoar. Cinco possibilidades:
– Prevenir-se através da blindagem íntima que o autoconhecimento gera;
– Não sucumbir à treva da mágoa e agarrar-se à luz da plenitude;
– Sentir a mágoa e permanecer em silêncio para evitar dores ainda maiores;
– Guardar esta mágoa debaixo do tapete da sala e supor que resolverá o problema só porque está escondidinha, ignorada e pisoteada;
– Indicar aonde a pessoa te fere e pedir abertamente que não o faça, pois muitas vezes, por imaturidade, quem desfere a lança da mágoa pensa que está ajudando.
Em resumo, o caminho é respeitar a mágoa como um sentimento capaz de te aplacar, mas mostrar que contra ela você tem a luz do bom viver, que é guiado pela leveza da plenitude e tem como mestre a mais alta sabedoria: aquela que vem de dentro.
Cale-se para o que há dentro de você e a mágoa rapidamente vai se insinuar. Escute-se e a vida te escutará, liberando o único sentimento do qual a mágoa tem medo: o amor próprio.
A decisão cabe ao livre arbítrio, mas sobre repassar estas soluções e possibilidades…
A escolha, como sempre, é apenas sua!
Edilson Menezes é treinador comportamental e consultor literário. Atua nas áreas de vendas, motivação, liderança e coesão de equipes. ([email protected]

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