Autor: João Roncati
As atribuições e metas de um gerente variam de acordo com a área de atuação, mas duas são comuns a todos: orientar equipes e designar tarefas. Porém, nem sempre os profissionais que ocupam esta função estão preparados para cumprir as demandas, o que resulta em insatisfação pessoal e cobrança por parte da empresa. O que fazer?
Uma pesquisa da consultoria de desenvolvimento de liderança Zenger/Folkman aponta que 46% dos colaboradores mais infelizes ocupam o cargo de gerente ou supervisor. Outro estudo, da ETALENT, mostra quais são as maiores angústias destes profissionais: 68% sofrem por terem que bater metas agressivas, 53% pela responsabilidade de cuidar da carreira dos subordinados, 52% por assumir riscos excessivos, 49% por terem que dominar ferramentas complexas de gestão e também 49% por receio sobre a aceitação da equipe.
Esses dados parecem assustadores, não é mesmo? O gerente é o principal responsável pelo relacionamento da empresa com os clientes. É ele que atua no dia a dia. Se estiver desmotivado, como terá a atenção e os cuidados necessários? Ainda avaliando os estudos citados, é possível perceber que os medos são causados, em alguns casos, por falta de perfil para assumir a posição e, em outras situações, a insegurança vem do despreparo e da ausência de treinamento. Ou seja, a responsabilidade pela insatisfação e até mesmo pelo mau desempenho pode ser da própria organização.
Antes de promover um funcionário espetacular a gerente é preciso avaliar se ele tem perfil para ocupar o cargo. É comum que profissionais que são muitos bons tecnicamente não apresentem a mesma performance ao assumir a gerência. Afinal, esta função exige um bom relacionamento interpessoal, a capacidade de disseminar as informações e competência para tomar decisões. Se não houver estes atributos, a empresa corre o risco de perder um ótimo colaborador para ter um gerente medíocre.
Também vale lembrar que em muitos casos é possível desenvolver as habilidades. É comum que os bons funcionários sejam promovidos sem nenhum tipo de treinamento ou preparação. Algumas pessoas ´nascem´ prontas para exercer determinadas funções, mas a maioria precisa apenas de auxílio e orientação para aperfeiçoar seus talentos.
Há empresas que ainda têm uma visão antiga de como funciona o mercado de trabalho. Acreditam que o funcionário fica satisfeito apenas com um bom salário e possibilidade de crescimento. Mas hoje, as pessoas buscam satisfação pessoal no ambiente de trabalho. Preocupam-se em desenvolver bem as suas funções e atuar em um ambiente amigável. É importante que saibam o que se espera delas, a importância da função que ocupam para o todo e tenham apoio para se desenvolver.
O cargo de gerente é crítico, pois é uma função intermediária, na qual há um aumento de responsabilidades e também a necessidade de lidar com outro não apenas como colega de trabalho, mas como um subordinado. Por isso, cabe à empresa oferecer aos seus colaboradores meios para que possam desempenhar esta função com segurança, evitando as angústias.
Os processos de desenvolvimento (que vão de um advisoring a um programa de curta ou longa duração) e a implementação do processo de planejamento e estratégia são fundamentais em organizações de todos os portes, de qualquer mercado e para todas as áreas.
Afinal, o capital humano é o principal diferencial que uma empresa pode ter: preparar, mobilizar e direcionar com horizontes de curto e longo prazo são fundamentais para desenvolver foco em resultados. A gestão baseada em competências e os ciclos de Estratégia e Planejamento são ferramentas muito boas para trilhar este caminho. Una os dois!
João Roncati é diretor da People+Strategy.