Problemas de gestão são comuns em diversas empresas de variados segmentos e portes. Profissionais desmotivados, cansados e estressados com as tarefas do dia a dia, fatores como esses aumentam cada vez mais a rotatividade dentro das empresas, tanto no alto escalão quanto em níveis hierárquicos inferiores. Entretanto, será que as ausências de verdadeiros líderes não contribuem para agravar esse problema? Transformar os atuais gestores em líderes pode ser uma das saídas para enfrentar o tão falado ´apagão de talentos´.
No caso das empresas que já possuem líderes preparados para os novos desafios da área de gestão a falta de preparação de um possível sucessor também pode acarretar prejuízos às companhias. Estudo do Korn/Ferry Institute, ligado ao Korn/Ferry International aponta que as empresas brasileiras não estão preparadas para a sucessão de seus líderes. Para 64% dos executivos entrevistados, as organizações a que pertencem não possuem um plano de sucessão estruturado e definido para seus principais líderes.
Para Tatsumi Roberto Ebina, com mais de 30 anos de experiência na área de gestão e liderança e sócio-fundador da Muttare, consultoria de gestão, há uma dificuldade das pessoas repensarem o seu modelo atual de gestão, baseado no comando e controle, além disso, o despreparo das companhias na transformação dos seus gestores em verdadeiros líderes se reflete no que mais ouvimos hoje de reclamações: o apagão de talentos. “Os profissionais estão aptos a desempenhar diversas funções, porém, com gestores despreparados para lidar com esses colaboradores, a responsabilidade e comprometimento da equipe se tornam cada vez mais obsoletos”, comenta Ebina.
Vamos ficar somente no segundo ponto: “as companhias precisam enxergar que ao transformar gestores em verdadeiros líderes, alguns problemas que a empresa possui poderão ser atenuados ou até sanados. Vamos entender que estamos falando do líder com coragem para dizer o que é necessário mudar, que inspira o seu time a buscar cada dia mais, que liberta as pessoas para que eles possam genuinamente transformar o que têm de potencial em desempenho, permitindo que elas realizem o que sonham”, ressalta Ebina.
O consultor acredita que tendo um colaborador mais comprometido com a empresa e com liberdade para trabalhar, exercendo funções que o permitam ir além, o funcionário se sentirá mais confiante para resolver determinados problemas da organização. Estamos em um mundo mais democrático, com movimentos em busca de mais liberdade e democracia e, precisamos pensar em eliminar todas as posturas dentro das organizações que sejam ´castradoras´ e ´escravizantes´, pois elas existem.
A tarefa para transformar gestores em líderes exige comprometimento árduo, tanto da companhia quanto dos gestores (futuros líderes) e funcionários. Ebina afirma que diagnosticar a necessidade da equipe, descobrir as habilidades de cada colaborador, acreditar nas decisões em conjuntos, além do fato de não querer puxar toda a responsabilidade para si, deixando sua equipe cada vez mais apta a desempenhar com qualidade suas funções, são apenas alguns dos muitos desafios que os gestores possuem antes de estarem aptos a exercerem um papel de líder.
“Burocratizar a gestão é péssimo para os resultados. Impedir a criatividade e o entusiasmo do profissional poderá colocar em cheque todo o processo. As teorias de gestão com mais de cem anos de existências precisam ser revistas. E o líder, tendo autonomia, poderá contribuir muito para essa reformulação”, conclui Ebina.