O líder ao dar início a uma processo de comunicação (emissor) começa transmitindo a quem ouve (receptor) uma mensagem através de algum canal (fala, texto, gestos). No outro lado da mensagem, o receptor decodifica (faz um esforço para entendê-la), e mostra para o emissor que a entendeu. Se não a entendeu, passa uma outra mensagem (feedback) para o emissor, para que ele refaça a mensagem.
Ao se comunicar, o líder emissor se vê diante de três formas de comunicação a serem praticadas entre ele e o receptor:
– a locução, ou fala locucionária – a sua mensagem propriamente dita, o que ele diz ao receptor;
– a ilocução, ou fala ilocucionária – o que ele faz (age) para consolidar a sua fala, tentando influenciar o receptor;
– a perlocução, ou fala perlocucionária – o impacto que o emissor provoca no receptor, ao falar ou agir.
Ao se comunicar com o receptor, o emissor tem duas opções de abordagem:
– Comunicação não ameaçadora, através da qual ele usa uma forma em que questiona o seu interlocutor, descrevendo os fatos, para que ele os entenda a partir da sua visão;
– Comunicação ameaçadora através da qual ele usa uma forma que julga o interlocutor, mostrando sinais claros de afastamento.
Alguns fenômenos, na comunicação podem ser observados, de maneira a permitir ao líder otimizar seus recursos de fala (argumentação, persuasão, convencimento) e obter um melhor resultado para o que se propõe com seu receptor:
– Se um subordinado não tem uma posição firmada sobre um determinado assunto, provavelmente ele será convencido de forma mais fácil do que um outro que já formou posição ou opinião antes do encontro com o líder;
– O líder deve ter condições de perceber se os subordinados têm capacidade de analisar se suas próprias conclusões sobre um determinado tema são válidas, se são capazes de testar e comparar as próprias posições com as do líder para conhecer sua validade, de forma a usar argumentação eficiente;
– Em um momento de comunicação, o líder emissor deve estar consciente da importância do subordinado receptor entender precisamente o que ele (líder emissor) quer dizer, quanto tempo dispõe para seus argumentos, qual é o nível de motivação do subordinado receptor e de interesse dele na mensagem, e no fato de que sua posição como emissor tem credibilidade;
– Quando houver na mensagem uma possibilidade de vantagem para o receptor, este fato será gerador de interesse do próprio (subordinado receptor) em acatar e entender o que o líder emissor pretende dizer ou obter com o que tiver sido dito;
– A experiência das pessoas em relação à mensagem funciona como elemento facilitador na compreensão e na aceitação da mensagem, e, conseqüentemente, na internalização (conscientização) de seu conteúdo.
Há um conjunto de barreiras que, de forma indiscutível, podem impedir o entendimento das mensagens, e que levam o emissor a estabelecer uma posição de alerta e cuidado, ao tentar transmitir sua mensagem. A comunicação, portanto, como um instrumento de ação do líder, não só em relação aos seus subordinados, mas também em relação a seus parceiros e superiores, requer um exercício de aperfeiçoamento constante, e que deve levar em consideração o exercício de sua visão em relação ao contexto em que sua comunicação se insere – o que sua comunicação vai impactar ou influenciar o trabalho ou a condição do receptor;
Dentro do princípio de competência (Rhinesmith), estar bem informado sobre todas as variáveis que envolvem a comunicação, ser perceptivo quanto a contribuições importantes que o receptor possa trazer, adotar uma forma flexível de comunicação e incentivar o senso de equipe faz parte da atitude exigida do líder (no papel de comunicador).
Um dos instrumentos de ação da liderança geradores de uma dinâmica mais eficiente da comunicação é a negociação, uma forma avançada – somente o homem é capaz de negociar – e que leva, a partir da compreensão da mensagem – conscientização e internalização – ao acordo e ao comprometimento (obrigação) em relação a um resultado obtido.
A comunicação que parte da liderança, e que tem uma característica formal, é conhecida como “linguagem de gerência”, ou “linguagem de gestão”. Essa linguagem é reconhecida por envolver objetivos a serem atingidos, resultados a serem alcançados, ou lucros a serem obtidos. É possível perceber que, quando um líder organizacional – diretor, gerente, chefe, supervisor ou encarregado se dirige a um subordinado uma das três possibilidades ocorre. Para que o receptor (no caso o subordinado), ou qualquer outro interlocutor que ouve o líder sinta-se motivado para desenvolver um esforço e atender o que foi comunicado, é necessário que a linguagem da gerência se transforme em “linguagem da estimulação”.
Dessa forma, quando o líder fala em atingir o objetivo, quem ouve quer entender que para isso haverá reconhecimento material ou reconhecimento pelo esforço; se o líder fala em alcançar resultados, quem ouve quer entender que haverá oportunidade de ganhos ou benefícios pelo esforço e dedicação e quando o líder fala em obter lucros, quem ouve quer entender que haverá participação nos lucros. Portanto, quando o líder se propuser a comunicar algo a alguém e deseja que sua comunicação resulte em esforço, cooperação e comprometimento, deve levar em conta que sua mensagem deverá conter uma espécie de retorno para o receptor. Sem isso, a mensagem correrá o risco de cair no vazio.
Francisco Bittencourt – Consultor do MVC Instituto M. Vianna Costacurta Estratégia e Humanismo. (www.institutomvc.com.br)