Autor: Eduardo Ferraz
O grupo de investimento 3G, liderado por Jorge Paulo Lemann – brasileiro com uma fortuna avaliada em 25 bilhões de dólares, que controla empresas como AB InBev (maior cervejaria do mundo), Burger King, Heinz, entre outras -, tem algumas práticas de gestão que poderiam ser seguidas por empresas de qualquer tamanho. A principal delas, em minha opinião, é contratar jovens PHDs, ou seja, gente Pobre, Honesta e Desesperada para obter sucesso.
Quando há, na mesma pessoa, necessidade, integridade e ambição, pode ter certeza de que o potencial para alcançar a alta performance é enorme. Quando essas pessoas encontram um ambiente de trabalho meritocrático, o resultado costuma ser excelente.
No entanto, isso não quer dizer que seja fácil encontrar PHDs e muito menos mantê-los motivados, pois a “fome” é grande. Para isso, o primeiro passo é beber diretamente na fonte e formar uma rede de relacionamentos com professores de escolas técnicas e universidades, principalmente com aqueles que coordenam estágios. No início, isso pode até dar um certo trabalho e demandar perseverança para colher os primeiros resultados.
O processo de caça aos talentos deve começar com visitas informais a escolas de formação técnica (ensino médio) ou a universidades. Procure tomar um café com qualquer professor (repito, qualquer um) que ministre aulas de matérias que tenham alguma relação com as atividades de sua empresa. Fale sobre seu negócio, sobre sua intenção de criar uma equipe de sucesso e peça a opinião dele sobre o assunto.
Alguns não vão dar importância para a conversa; outros vão dizer que a proposta é ótima, mas utópica; um ou outro dirá que não tem tempo; que a escola é pequena e que não possui departamento de estágio etc. Até que, finalmente, alguém vai se interessar pela ideia e, mesmo sem experiência, cargo ou poder, indicará alunos promissores, com uma reação mais ou menos assim: “Dou aulas para quatro turmas do segundo ano e acho que posso indicar três ou quatro pessoas que são inteligentes, dedicadas, vêm de famílias humildes e são ambiciosas. Acho que vale a pena você bater um papo com elas”.
É aí que o jogo começa! Quando a primeira contratação der certo, você começará a ganhar confiança no modelo, os professores que fizeram a indicação tenderão a reforçar o vínculo e os contratados servirão de exemplo, o que atrairá outras pessoas com perfis semelhantes. Se persistir, em alguns anos terá formado uma verdadeira fábrica de formar e atrair gente talentosa.
Além dessa estratégia, vale destacar que também é possível adotar algumas ações complementares, como contar com a ajuda de ex-“PHDs”; “garimpar” no LinkedIn e mídias sociais, pois sempre há gente boa desempregada ou subempregada à procura de oportunidades; ou contratar empresas ou profissionais para buscar talentos, no entanto, nesse caso é preciso procurar indicações de pessoas que conheçam e atestem a reputação de quem fará o trabalho de seleção. Afinal, gente boa costuma indicar gente boa!
Eduardo Ferraz é consultor em gestão de pessoas há mais de 25 anos e autor do recém-lançado “Gente de Resultados – Manual prático para formar e liderar equipes enxutas de alta performance”.
