Da cozinha para a empresa

Autor: Alexandre Slivnik
Saber se relacionar e controlar emoções. Além das muitas – e deliciosas receitas preparadas pelos competidores do MasterChef, reality em que aspirantes a chef disputam prêmios em dinheiro, o programa mostra como esses dois ingredientes, fundamentais para quem quer vencer, saltam facilmente da bancada da cozinha para as empresas.
Assistindo ao último episódio, veio a comprovação do que eu já havia notado, principalmente quando uma competidora revelou que para vencer o desafio, era preciso ir mais do que dominar as habilidades culinárias e sim envolver-se no jogo, usar estratégias. Ela estabeleceu uma relação com os jurados e os convenceu que aquela receita valeria a pena ser experimentada… testada e avaliada.
Agora, vamos sair da cozinha e mergulhar em outra realidade: quantas vezes temos que convencer os chefes? Ou quantas vezes esperamos ouvir um sim, seu projeto está ótimo! Sim, você alcançou a sua meta!  Sim, você foi aprovado. Sim, a vaga é sua. Entretanto, todas essas aceitações que perseguimos a vida inteira, seja na vida pessoal ou profissional, serão pronunciados para nós somente se antes praticarmos algumas habilidades como saber controlar emoções, ter uma consciência realista do que se domina, percepção emocional e ter calma sob forte pressão.
Medo, insegurança e comodismo também são alguns dos principais fatores que fazem com que as pessoas não arrisquem um salto para um plano mais audacioso ou para conquistar um novo cargo dentro da organização ao qual faz parte, ou menos ainda, para o patamar para se tonar extraordinário. É bom deixar claro, porém, que, apesar de dificultarem bastante a caminhada, nenhum desses fatores é impedimento para o profissional ambicioso, que adquire consciência de que crescer só depende dele mesmo.
O que se percebe hoje é que o mercado busca muito mais os diferenciais do profissional do que propriamente a sua qualificação. É importante notar que enquanto muitos seguem tentando encher os seus currículos de diplomas, cursos, MBAs e tudo o que está relacionado a qualificação técnica, para as organizações não é apenas o currículo que determina quem vai ocupar a vaga e menos ainda, uma vaga de profissional com o perfil do funcionário extraordinário.
Inteligência emocional bem apurada e desenvolvida compõe uma base de sustentação que tornará o sucesso algo permanente. Nas organizações das quais faço parte, por exemplo, quando temos que contratar jovens profissionais, prefiro os inexperientes que mostram atitude de vencedor àquele que já vem cheio de vícios adquiridos nas organizações pelas quais já passou. Pense a respeito: que avaliação pode ser feita de um jovem de 20 anos com um currículo em que há cinco experiências profissionais, sem ter acertado em nenhuma delas?
A sorte sozinha, por si só, não leva muito longe. A melhor definição de sorte que já ouvi até hoje foi a seguinte: sorte=oportunidade +competência. Se você tem a oportunidade, mas não tem a competência e não tem a coragem de enfrentar desafios, vai continuar sendo, no máximo, um “necessário” bem colocado na organização. Já quem tem competência, faz a oportunidade.
Quem tem oportunidade, competência e visão de futuro e vai buscar seus objetivos, claramente tem tudo para se tonar um especialista extraordinário no que faz.  Não só a organização que ele trabalha estará de olho nele, mas sim todo o mercado. E para se ter um talento disputado, é preciso ter as características especiais, pois é atrás desse tipo de pessoas que as empresas estão indo.
A realidade profissional mudou muito e ninguém pode ficar alheio a essas transformações. Tem que sair na frente se quiser conquistar seu espaço no topo… até para ser o vencedor do MasterChef.
Alexandre Slivnik é sócio-diretor do Idebro – Instituto de Desenvolvimento Profissional, diretor-executivo da ABTD – Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento e diretor geral do Congresso Brasileiro de Treinamento e Desenvolvimento.

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