Já ouviu falar de telemarketing filantrópico? O conceito ainda é novo, porém a prática já é comum em muitas entidades. A LBV, Legião da Boa Vontade, por exemplo, o utiliza desde a década de 70 para a manutenção de suas Escolas de Educação Básica, Abrigos para Idosos e Centros Comunitários de Assistência Social. Porém, o que até pouco tempo era visto como mais um canal de captação de recursos, hoje vem ganhando importância, tanto que muitos já defendem que é preciso criar um modelo de gestão próprio, diferente do telemarketing de vendas.
Para Walter Coelho, consultor e proprietário da Contato Efetivo, o conceito de terceiro setor exige uma abordagem diferenciada, já que não existe a troca capital do produto por dinheiro. “Não se trata de uma abordagem econômica. Ela passa pelo emocional, pelo exercício dos valores pessoais que a pessoa possua. Da abordagem ao planejamento estratégico, esse segmento tem que levar isso em conta. Considerar o nível de relacionamento sócio-econômico-comportamental. O cliente não consome um bem ou serviço, ele se engaja na idéia. É muito diferente”, pontua.
Ele defende que, por ser novo, o telemarketing filantrópico ainda precisa evoluir. “Todos estamos aprendendo na raça. Esta é que é a verdade. Há um comportamento negativo no mercado que visa se utilizar da pressão psicológica ou da chantagem emocional para se conseguir uma doação. Este caminho tem se provado errado e com resultados não consistentes, a longo prazo”, comenta Coelho. O consultor acrescenta que há a uma necessidade maior do engajamento da equipe. “Garanto que se o teleoperador não acreditar no serviço a ser divulgado sua dificuldade é exponencialmente maior se comparada com um produto normal ao qual ele não tem acesso, mas vende. Guardadas as devidas proporções, o teleoperador não segue um script, ele defende uma bandeira”, justifica.
Essa necessidade é reforçada Rose Duarte de Souza, coordenadora do setor de captação de recursos telemarketing do HCM, ao apontar que falta mão-de-obra qualificada. “Essa é a maior dificuldade, pois é muito diferente um telemarketing de venda para um telemarketing filantrópico. As pessoas chegam robotizadas com os script´s de vendas e na verdade precisamos de pessoas para um telemarketing em que a mensagem deve ser humanizada”, explica. Assim como o consultor, ela vê que há o que fazer ainda. “Acho que é o momento de refletir mais sobre o assunto. Sugiro que um movimento possa nascer em torno deste assunto, para que possamos nos unir agregando experiências, até porque são inúmeras instituições por todo país que dependem do resultado deste trabalho para sobrevivência”, destaca.
Uma das razões de Rose levantar essa bandeira é a importância que o telemarketing acaba tendo para as instituições. “É sem dúvida a vida sustentável das ONG´s e fundações, já que os recursos do governo, na maioria das vezes, não são suficientes para garantir a continuidade do serviço prestado. No nosso caso, o telemarketing atua para suprir a falta de recursos e garantir que todos os pacientes tenham a oportunidade de serem tratados com qualidade”, afirma. A vantagem do canal, segundo Lícia Lombardi, coordenadora de relacionamento com o colaborador da LBV, é que ele permite expor e detalhar projetos sociais de forma direta. “O telemarketing tem um papel importantíssimo na construção de um relacionamento personalizado e facilita para que a comunicação seja eficaz”, esclarece. Ela acrescenta que ele também permite aproximar as pessoas da LBV. “Isso acontece pelas oportunidades que a instituição oferece de se engajarem em projetos que visam contribuir com uma sociedade mais humana, justa e igualitária”, conclui.
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Confira também as matérias exclusivas com cada um dos entrevistados:
Telemarketing filantrópico!?
Uso do canal no terceiro setor ainda precisa passar por uma estruturação com abordagem própria
Uso do canal no terceiro setor ainda precisa passar por uma estruturação com abordagem própria
LBV mantém o telemarketing como um de seus principais canais desde a década de 70
Questão de sobrevivência
Telemarketing tem auxiliado o terceiro setor a suprir a falta de recursos
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