Autor: Airton Cicchetto
“Profissionais de recursos humanos e presidentes acreditam que engajar os funcionários é o melhor caminho para conseguir bons resultados em uma empresa”. Isso é o que mostra uma pesquisa da Michael Page, que ouviu mais de 400 pessoas, no início deste mês.
Por um lado, felizmente, vem crescendo o número de executivos que entendem que a empresa anda melhor quando tem seu pessoal engajado, entretanto, por outro lado, reinam muitas dúvidas sobre como obter o desejado engajamento do pessoal. Nem todas as organizações, ainda que atuem num mesmo segmento, conseguem engajar o time, conseguem a união e a participação de sua equipe. Como consequência, muitas vezes, apresentam diferente desempenho em diversas áreas de competência. Na sequência, para melhor entendimento, substituirei o termo engajamento por participação e união.
Por que, então, há empresas que conseguem um time unido e participativo e outras não? Qual o segredo? Como conseguir a participação e união dos membros da equipe? Trato deste tema no meu livro Simples Complexo Gerencial (Ed. Perse – Livraria Cultura), e resumo a seguir meus entendimentos sobre o assunto.
Primeiramente, parto do pressuposto de que o empregado quer participar do sistema, isto é, ele não quer ser um alienado. Assim, o primeiro passo cabe ao líder, que deve promover a participação racional do empregado por meio de projetos, programas e ações de melhorias que sejam delegadas à equipe.
Vê-se daí que participação pressupõe uma relação entre empregado e líder, porém, obtê-la não é tarefa que se resolve unicamente via liderança. As disciplinas liderança, motivação e comunicação andam juntas e são a base da boa gestão do pessoal. Não há como tratar o tema liderança, sem considerar os aspectos motivacionais que envolvem a equipe e a necessária comunicação entre líderes e liderados.
A participação e união são também estimuladas com ações e programas simples que devem buscar os seguintes objetivos: informar, ouvir, recompensar e celebrar, pois entendo essas quatro ações como indutoras naturais da participação e da união das pessoas.
Como empregado, faço uma autorreflexão e imagino: desejo participar, quero estar informado e, portanto, quero saber o que se passa na empresa, quero ouvir. Para que o empregado ouça e saiba o que lhe interessa e também interessa para a empresa, é preciso que esta assuma a tarefa de comunicar, de informar. Ao informar e ouvir, por meio dos seus líderes e de suas práticas, ela faz uso da disciplina comunicação como reforço à participação.
Considere-se também que participar significa “tomar parte” e isto implica em receber um quinhão dos resultados que são gerados como fruto do trabalho, isto é, ser recompensado. A empresa deve, então, recompensar e, ao fazê-lo novamente reforça o sentimento de participação do empregado.
Como resultado deste conjunto de iniciativas, o empregado apresentará maior participação, o que por sua vez, implicará também em maior motivação, uma vez que esta decorre, justamente, do maior nível de participação do empregado, conforme pode-se verificar pelas pesquisas e constatações de diversos estudiosos da teoria do comportamento humano.
Por último, o elemento que consolida a união do grupo, a celebração. Ora, se todos estão trabalhando pelas mesmas metas e objetivos, nada é mais saudável e agregador do que uma boa celebração para comemorar as vitórias, preparar-se para o próximo desafio e reforçar a união de todos os membros da equipe.
Celebrar com a equipe deve constar e fazer parte das atividades do líder. Pela sua importância, a celebração deve ser uma prática rotineira, instituída e cobrada pela direção da empresa e não ficar condicionada à vontade pessoal do líder. A celebração, quando espontânea, faz cair barreiras do relacionamento interpessoal, facilita o diálogo e o entendimento entre pessoas de diferentes origens, repertórios, unidades e níveis hierárquicos, fortalecendo o espírito de equipe.
Concluindo, participação e união se obtém promovendo a participação racional do empregado nos programas e ações de melhorias, possibilitando sua participação por meio da comunicação (informar e ouvir) e dos resultados da empresa (recompensar) e, obviamente, celebrando frequentemente, buscando a união da equipe. Eis aí o segredo. Com a aplicação destas práticas muito simples a equipe estará unida e participativa, portanto, engajada para alcançar as metas e resultados almejados da empresa.
Obviamente, é preciso considerar também que os fatores higiênicos, como salários, benefícios e outras formas de compensação, alinhadas ao mercado em que a empresa atua, embora não sejam condição por si só suficientes, constituem pré-requisitos ao desejado engajamento.
Airton Cicchetto é consultor, palestrante empresarial, engenheiro, mestre em administração e idealizador do modelo SCG – Simples Complexo Gerencial – Simplificando a Gestão.