Autor: Tiago Alves
Vivemos em uma era conectada na qual a tecnologia consegue executar trabalhos de humanos – exemplo disso são os caixas de self checkout encontrados em alguns supermercados. A maioria dos profissionais chega até mesmo a sentir medo dessas evoluções tecnológicas. De acordo com um levantamento da MIT Sloan School of Managent, uma das faculdades do Massachusetts Institute of Technology, quase 90% dos gerentes e executivos acreditam que o avanço da tecnologia colocaria seus postos em risco. À medida que a tecnologia avança, tornam-se cada vez mais frequentes as discussões sobre os benefícios e as desvantagens de se viver em um mundo conectado.
Para evitar que um possível cenário negativo se torne realidade no mundo corporativo, é necessário aliar o desenvolvimento digital à força de trabalho manual. Uma das tarefas mais relevantes dos líderes de hoje é saber associar o desenvolvimento digital à força de trabalho humana e, mais do que isso, conseguir obter os melhores resultados desta equação. E quando falamos em resultados, um dos principais indicadores que devemos acompanhar, medir e atuar para melhorar é o engajamento dos funcionários. Como? Ouvindo esses profissionais.
A natureza do trabalho está mudando e o profissional atual busca se adaptar a esta transformação da melhor maneira possível – buscando, em primeiro lugar, seu bem-estar. Como consequência, as empresas também precisam se adaptar a esse novo panorama – ou acabarão ficando para trás.
Essa renovação permite que os funcionários tenham mais flexibilidade no trabalho, podendo trabalhar de onde quer que estejam – por meio de dispositivos móveis, da nuvem e softwares colaborativos para executar suas tarefas diárias e reuniões. Dados de um levantamento recente da IWG, maior grupo de escritórios compartilhados do mundo, coletados em 80 países revelam que 83% dos executivos escolheriam um emprego com alguma flexibilidade a outro que não ofereça nenhuma iniciativa neste sentido.
Apesar da preferência da maioria dos entrevistados, no Brasil, 69% desses relatam que mudar uma cultura de trabalho não flexível representa um obstáculo. Mais da metade dos funcionários e líderes ouvidos consideram o fator “trabalho flexível” mais importante do que estar em uma grande empresa. Além disso, quase um terço (32%) avalia que escolher o local de trabalho é mais relevante do que ter um cargo de prestígio. Ou seja, o foco é usar a tecnologia para valorizar os talentos de sua empresa.
A partir daí, surge outra palavra-chave, essencial para o fortalecimento do senso de pertencimento em uma corporação: proximidade. De acordo com a mesma pesquisa, no Brasil, 76% dos executivos alegaram usar medidas de flexibilidade para reduzir o deslocamento dos colaboradores, mas não é apenas a questão física que pode ser usado como diferencial. Aqui o grande desafio é evitar que a flexibilidade crie distanciamento entre as pessoas. A convivência do gestor com o funcionário e, até mesmo do funcionário com outros é fundamental. Isso possibilita maior reconhecimento das conquistas, melhor compreensão das dificuldades de cada um e facilita na busca por soluções com mais empatia e compreensão.
Por isso, é importante garantir que, ainda que tenhamos toda essa tecnologia disponível, a equipe se encontre e interaja pessoalmente. Com toda infraestrutura tecnológica e segura para a operação de uma empresa, os ambientes flexíveis de trabalho são pensados de modo a imprimir mais dinamismo nas relações humanas e a incentivar o networking e a troca de experiencias, evitando assim o isolamento típico de profissionais que fazem home office, por exemplo. De acordo com 80% dos respondentes da pesquisa realizada pela IWG, a adoção de um espaço de trabalho flexível reflete no aumento da produtividade e na melhora no desempenho dos negócios. Essa proximidade interpessoal, e até mesmo física, faz com que problemas sejam evitados e permite com que os funcionários troquem conhecimentos entre si, trazendo ganhos para toda a equipe.
Tiago Alves é CEO do IWG, grupo detentor das marcas Regus e Spaces no Brasil.