Uma pergunta que sempre aparece em meus cursos e palestras sobre gestão por competências é esta: como a gestão por competências favorece a retenção de talentos pela empresa? Trata-se de uma questão extraordinariamente importante, porque em uma época de competitividade acirrada como hoje, a retenção eficiente de talentos é um dos grandes diferenciais das empresas líderes de mercado. Os custos decorrentes da evasão de talentos são tão significativos que podem facilmente contribuir para a derrocada de uma empresa. Existem diversas maneiras pelas quais o modelo de gestão por competências estimula a retenção de talentos na empresa – aqui eu gostaria de destacar algumas:
– Motivação e a satisfação no trabalho: quando o trabalho se torna chato, repetitivo e não-desafiador, o interesse e a motivação vão embora não é mesmo? Após algum tempo, o colaborador começa a naturalmente buscar por outras oportunidades que façam melhor uso de seus talentos. Isto é algo natural do ser humano. Todo ser humano busca expandir sempre o seu potencial a todo custo – e se não lhe for dada a chance de fazer isto onde ele estiver, ele irá procurar um lugar que lhe permita fazê-lo. Colaboradores insatisfeitos tende a demorar mais tempo na execução das tarefas – e a consumir mais recursos da organização no processo – do que colaboradores satisfeitos. A produtividade e a qualidade, compreensivelmente, não só decaem: despencam. A evasão de talentos é, então, quase que uma certeza no futuro da organização. A gestão por competências não só favorece a identificação e o aproveitamento destes talentos na geração de valor para a empresa como também estabelece uma estrutura que provê novos desafios e oportunidades para o colaborador.
– Qualidade de vida no ambiente de trabalho: muito tem sido escrito sobre o papel das empresas na promoção da qualidade de vida no trabalho, bem como no favorecimento do equilíbrio entre a vida profissional e pessoal. Um fator importantíssimo desta equação é a capacidade dos colaboradores da empresa em gerenciarem o stress no dia-a-dia de trabalho. Um dos principais fatores desencadeadores do Stress no trabalho é a percepção, por parte do colaborador, de que a sua carga de trabalho é maior que a do colega ao lado – que possui, de resto, uma remuneração em tudo semelhante. Este tipo de percepção muitas vezes resulta em um sentimento de injustiça por parte do colaborador que tende a se disseminar pela organização, gerando um afastamento dos colaboradores em relação à empresa. A gestão por competências não só atua fornecendo um sistema que possibilita detectar este tipo de desnível como também permite corrigir estas discrepâncias através de um sistema de remuneração justo e confiável.
– Desenvolvimento profissional e pessoal do colaborador: pessoas de talento podem ser tudo, menos acomodadas. Uma característica que todas as pessoas de talento têm em comum é a de estarem sempre buscando por novos desafios e novas oportunidades de crescimento. A gestão por competências atende perfeitamente a esta necessidade ao contemplar diversos mecanismos de apoio ao desenvolvimento do colaborador que vão desde o plano de desenvolvimento individual até a gestão de carreira por competências, que permitem ao indivíduo gerenciar o seu autodesenvolvimento até o nível de competência desejado.
Os antigos diziam que “Quem não tem Competência não se estabelece!” e nunca isto foi tão verdadeiro como nos dias de hoje, nos quais a retenção de talentos por parte das organizações desponta como o supremo diferencial na gestão eficiente de pessoas.
Tadeu Alvarenga é sócio-diretor da Alves & Alvarenga Consultoria em Gestão e Desenvolvimento de Pessoas. ([email protected])