Autora: Patricia Molino
Apenas 40% dos líderes de Recursos Humanos têm um plano de trabalho de transformação digital implementado. Além disso, apesar de 70% reconhecerem a necessidade de uma transformação da força de trabalho, apenas 37% estão muito seguros sobre a capacidade de modificar a área de RH. Essas são algumas das conclusões da pesquisa “O futuro do RH”, conduzida pela KPMG recentemente com 1.201 executivos líderes da área de 64 países, representando 31 setores da Ásia-Pacífico, Europa, América do Norte, Oriente Médio, África e América Latina.
A pesquisa revelou que os líderes de Recursos Humanos estão divididos sobre a necessidade urgente de redefinir a área. Enquanto parte destes líderes estão sabendo utilizar, de forma segura, os recursos que irão transformar a área e alavancar seu valor para a empresa, uma parcela significativa de executivos está assistindo passivamente ou aguardando que a área de tecnologia da informação mostre o caminho. Esta postura pode conflitar com a expectativa dos CEOs: as pesquisas da KPMG têm revelado que a maioria desses executivos preferem iniciar a disrupção em suas empresas e não esperarem que a mudança ocorra no mercado para depois reagir, pois acreditam que este processo é mais uma oportunidade que uma ameaça.
Com essas conclusões, a pesquisa revelou que os líderes de Recursos Humanos mais arrojados estão agindo de forma consistente e sem hesitação, apostando na transformação da área como fator determinante para o sucesso dos negócios. Um modelo mais moderno, ágil e focado na experiência dos empregados está alinhado com a aplicação de novas habilidades de gestão, inteligência artificial e robótica para integrar talentos humanos e estratégias digitais.
A cultura do local de trabalho mereceu destaque na pesquisa, sendo considerada uma barreira à transformação digital para 41% dos respondentes. Aproximadamente um em cada três respondentes (35%) disse que a cultura atual das organizações é mais orientada para tarefas em vez de ser inovadora ou experimental.
Outra conclusão importante é que as áreas de Recursos Humanos em processos de transformação digital avaliam que as deficiências de habilidades (51%) e a falta de recursos capacitados (43%) são as principais barreiras para alcançar mudanças mais profundas. 42% dos entrevistados concordam que preparar a força de trabalho para o futuro utilizando inteligência artificial é um dos maiores desafios a ser enfrentado nos próximos cinco anos. Mais de metade dos executivos (60%) acreditam que a inteligência artificial criará menos postos de trabalho do que serão eliminados e exigirá maior qualificação dos colaboradores.
A análise de dados é outra tendência que deve veio para ficar na gestão de Recursos Humanos e sua aplicação se amplia rapidamente. De contratações mais alinhadas a resultados concretos a análise preditiva, a análise de dados apoia decisões estratégicas com dados estruturados embasando decisões fundamentadas nas necessidades mais relevantes do negócio. Com a informação logicamente organizada, há mais segurança na tomada de decisões, redução de custos operacionais e proteção da atividade empresarial de ações amadoras, intuitivas, focadas em processos ou mal executadas.
Patricia Molino é sócia-líder de People & Change e líder do Comitê de Inclusão e Diversidade da KPMG no Brasil.