Autor: Edilson Menezes
Inteligencie-se. Peço licença para usar essa nova palavra e instigar sua inteligência que já é brilhante por natureza! Nós, treinadores comportamentais, defendemos a importância da inteligência emocional como recurso de excelência e, pasme, de sobrevivência.
Por outro lado, cogitar uma inteligência de caráter instintivo e subjetivo sem explicar alguma lógica pode parecer pouco razoável para algumas pessoas. Eis o objetivo deste texto: clarificar aos olhos da razão como funciona o lado direito de nosso cérebro, responsável por todas as nossas emoções.
Você já deve ter tentado explicar exaustivamente algo que considerava “simples” de ser entendido, mas seu interlocutor simplesmente não entendia.
A lógica tem limitação de alcance e por si, não explica tudo. Muito antes da era cristã, os gregos sabiam disso e discutiam filosofia para complementar os cálculos que tão bem dominavam. De volta para o presente e respondendo à questão que abri, explicar e ensinar com boas doses de ludicidade, de analogias e metáforas é a única maneira de garantir que a sua experiência seja absorvida. Ao mesmo tempo, ignorar estes fatores e decidir primar apenas pela lógica nos deixa como aquele professor de física que era notoriamente brilhante, mas não sabia explicar e ensinar.
Se você dirige, com certeza já precisou fazer uma ultrapassagem difícil e desistiu. Segundos depois, percebeu que foi a decisão certa, pois o tempo não seria suficiente para voltar à sua faixa.
O lado esquerdo e racional do cérebro consegue fazer uma equação rápida e transmitir “um gráfico” com o resultado do cálculo, uma espécie de relatório prévio das possibilidades matemáticas. Enquanto isso, a inteligência emocional, do jeito subjetivo que sabe, faz suas céleres considerações e decide participar da decisão. O frio na barriga e o suor das mãos ao volante não se dão à toa. O cérebro ordena que o organismo aumente a produção de cortisol, uma estratégia clara de chamar nossa atenção, de incutir medo e insegurança, sentimentos que nestas circunstâncias são vitais e positivos para proteger a vida.
Ao entrar na garagem, num terceiro e último exemplo, você já deve ter reparado, por exemplo, um carro suspeito se aproximando. O lado racional do cérebro, através da lógica, consegue no máximo calcular a diferença no padrão do carro. Não reconhece a imagem projetada como o carro de um vizinho. Todo o restante do alerta é advindo da inteligência emocional, dos instintos primais de sobrevivência que a lógica jamais conseguirá explicar. Você não dá uma volta no quarteirão para proteger sua vida e sua família em função do cálculo, mas por conta da imaginação. Não raro, numa situação como esta, imagina-se quantos possíveis bandidos estão dentro do carro suspeito, se estão armados, se pretendem levar o carro ou se um possível sequestro-relâmpago está desenhado. A pessoa pensa em tudo isso ao mesmo tempo e sequer repara.
Ignorar a inteligência lógico-matemática nos faria ignorar a possibilidade de assalto e estacionar, mesmo com o carro suspeito em frente à garagem. Este lado esquerdo e racional do cérebro, desprezado, nos faria ultrapassar o carro do outro exemplo, sob iminente risco. E, na primeira situação, comunicar-se sem pensar com lógica na eficiência ou ineficiência do próprio estilo de comunicação é o que torna as pessoas repetitivas. Mais uma vez, a razão explica este comportamento…
Quando as pessoas falam e não se fazem entender, a tendência é que repitam o conteúdo até “convencer”. Isso explica porque você considera determinado livro “chato” e também justifica porque você sequer se propõe a escutar determinado apresentador, político ou palestrante. Previamente, a razão já registrou que o conteúdo é chato e a inteligência emocional já aferiu que você não se sente bem e confortável com tal pessoa.
Assim argumentado, só há uma coisa que não devemos fazer, sob nenhuma hipótese: considerar a inteligência emocional como “balela motivacional”. Em dado momento da vida, pode ser a nossa salvação, literalmente. Inteligencie-se e harmonize-se com ambas. Sua vida agradece!
A escolha, como sempre, é apenas sua!
Edilson Menezes é treinador comportamental e consultor literário. Atua nas áreas de vendas, motivação, liderança e coesão de equipes. ([email protected])