A geração Y, influenciada pela instantaneidade da internet, está tomando o mercado de trabalho e criando novos cenários dentro das organizações. Ávidos por inovações constantes, eles costumam passar por cerca de 20 empregos durante a carreira, como aponta estudo realizado pela Future Workplace. Por esse motivo, cativar novos talentos tem se tornado um grande desafio. Porém, algumas empresas parecem já ter encontrado um caminho: o intraempreendedorismo, que permite que os funcionários se dediquem a projetos pessoais durante o período de trabalho. Dessa forma, a expectativa dos jovens de promover a inovação é atendida, tornando-os mais motivados e produtivos.
No entanto, nesse modelo, o que fazer para garantir que o funcionário não gaste mais tempo em seu próprio projeto do que em sua função dentro da empresa? Para solucionar essa questão, a Santo Digital, empresa que revende e implementa soluções corporativas do Google, se inspirou na política dos 20% aplicada pela parceira norte-americana. O funcionário pode dedicar 20% do tempo de trabalho no mês a projetos individuais. “Estabelecemos metas: quanto mais resultados ele traz para a empresa, mais liberdade tem para desenvolver suas ideias”, explica Cláudio Santos, CEO da empresa.
Um exemplo do sucesso dessa prática é Flávio Valiati, que trabalha há dois anos na Santo Digital. Ele usou os 20% de “tempo criativo” para colocar em prática um programa de recrutamento e orientação profissional direcionado a jovens, o Vamos Subir. Começar seu empreendimento dessa forma representou mais segurança para Flávio. “Isso me trouxe a mesma independência de criação que eu teria se estivesse autônomo, mas com a vantagem de ter apoio financeiro e menos riscos.” Cláudio fez o investimento inicial, ajuda na divulgação e no marketing e tem participação acionária no Vamos Subir.
O líder da Santo Digital vê o intraempreendedorismo como uma relação de troca positiva e uma forma inteligente de manter a equipe motivada. “É fácil cair no marasmo. As pessoas têm sonhos, querem colocar sua cara nos projetos, conquistar coisas. Por que não incentivar que as ideias saiam do papel? Todo mundo sai ganhando”, analisa Cláudio. “As empresas são carentes de inovação e acabam buscando soluções fora, quando têm o que precisam dentro de casa”, completa.