Autor: Carlos Cruz
O mercado está em constante transformação e, por isso, é preciso estar atento às suas novas exigências. Quando pensamos nas características que as grandes empresas buscam em um bom profissional, podemos notar que houve uma grande mudança de referencial nos últimos anos. Se antes o desejado era aquela pessoa com alto grau de conhecimento técnico, que produzia muito em pouco tempo, hoje o mais buscado é o profissional que além de administrar suas emoções de maneira inteligente, ainda consegue alcançar bons resultados.
As novas gerações apresentam uma grande similaridade no que diz respeito à sua formação técnica. Embora muitos já possuam graduação, pós-graduação e MBA por volta dos 28 anos, continua difícil encontrar quem sabe controlar suas emoções em busca de objetivos pessoais e que estejam alinhados aos interesses da empresa. Este é um ponto fundamental no processo de desenvolvimento e aprimoramento profissional de um indivíduo.
Um indivíduo emocionalmente inteligente consegue mobilizar estrategicamente suas emoções para alcançar suas metas. Para isso, ele consegue reconhecer, aceitar, escolher e gerenciar o que sente durante as mais diversas situações. Conheço muitas pessoas que deixaram de alcançar melhores cargos por terem perdido o equilíbrio em determinado momento. Quem nunca teve vontade de mandar tudo para o ar? Acredito que a maioria de nós. Mas o importante é saber que embora isso possa nos aliviar na hora, depois poderá trazer-nos problemas.
O ser humano é racional e emocional, invariavelmente e ao mesmo tempo. Por isso, quando alguém disser que você precisa ser mais isso ou aquilo, tome cuidado. Costumo ilustrar essa situação da seguinte maneira: imagine um goleiro que vai defender um pênalti sem um dos braços. Impossível, não é? O mesmo aconteceria com uma pessoa que eliminasse a razão ou a emoção de seu dia-a-dia. Precisamos buscar a harmonia e, quanto mais a razão trabalhar com a emoção, mais força e potencial a pessoa terá. Em momentos de tensão, desafios e crises, as emoções são colocadas à prova e solicitadas para contribuir com ações racionais que levem às oportunidades e gerem desenvolvimento.
A atual crise financeira é um exemplo de situação em que se exige muito controle emocional. Por conta de um movimento de mercado, até alguns meses atrás a bolsa de valores era tida como um ótimo lugar para aportar investimentos. Por isso, muitas pessoas acabaram comprando papéis por impulso, sem estudar suas ações ou estabelecer qualquer tipo de planejamento. Com as quedas vertiginosas das bolsas em todo o mundo, os investidores impulsivos estão sofrendo muito mais do que aqueles que sabiam o que estavam fazendo. Isso nos deixa claro que, por mais assertivas que possam parecer a curto prazo, as atitudes não devem ser tomadas apenas pelo “calor do momento”.
A inteligência emocional pode ser desenvolvida por meio de trabalhos que envolvam algumas competências do indivíduo, ou seja, características mensuráveis que diferenciem o nível de desempenho de uma pessoa em determinada situação. Durante meus trabalhos, procuro me basear nos programas de Coaching desenvolvidos por Daniel Goleman. Por isso, costumo trabalhar cinco áreas distintas:
Eu me conheço – É a área do autoconhecimento, a sinceridade que cada um tem consigo para avaliar as suas habilidades de maneira verdadeira, abrindo-se para feedbacks, para reconhecer como as suas emoções afetam seu desempenho e a ligação entre o que pensa, sente e age. Antes de enfrentar um desafio que possa gerar alguma tensão emocional, pare e pergunte: qual é a emoção que estou sentindo neste momento? Como eu posso pensar e agir diferente nesta situação?
Eu me gerencio – Aqui busco trabalhar o autocontrole, que permite a pessoa pensar antes de agir, conseguindo, assim, administrar seus impulsos para depois não se arrepender. Ter a capacidade de adaptar-se às situações para alcançar um objetivo, além de flexibilizar-se e focar-se durante momentos de pressão, são exercícios do autogerenciamento. Tenha sempre um objetivo em mente e pense quais seriam os próximos passos para alcançá-lo. Pergunte-se frequentemente: qual comportamento construtivo eu posso ter para alcançar meu objetivo?
Motivação – Os indivíduos têm um propósito, um motivo para agir. Estar pronto para agarrar as oportunidades, superar os obstáculos e aprender com eles para seguir em frente é muito importante. Saiba que o fracasso é um julgamento a curto prazo e trabalhe constante e incessantemente em busca de resultados positivos. Mobilize pessoas para alcançar a realização. Uma pessoa motivada é sinal de iniciativa e persistência. Reflita: suas decisões são motivadas pelo medo de perder ou pela esperança de ganhar? O que você precisa fazer para alcançar seu objetivo?
Eu conheço os outros – Aqui peço para as pessoas olharem para suas equipes e para as pessoas ao seu redor. É preciso mostrar sensibilidade à perspectiva alheia, buscar maneiras de conquistar a confiança e aumentar o nível de satisfação dos outros. Enxergar as diferenças como oportunidades de desenvolvimento faz toda a diferença. Nesta área se avalia a capacidade de se colocar no lugar do outro, compreendê-lo e entender verdadeiramente o que se passa com ele. Faça uma lista das qualidades, talentos e dificuldades das pessoas ao seu redor; identificar as pessoas que tem poder e influência nos relacionamentos com a sua equipe pode ajudar no seu próprio posicionamento. Pense também nas ideias pré-concebidas que você tem do seu chefe, clientes e liderados.
Eu gerencio os outros – Aqui exercitamos a liderança situacional, gerenciamos conflitos, colaboramos e trabalhamos em equipe, construímos alianças e desenvolvemos os outros. Nesta área pode-se observar a capacidade de lidar com pessoas difíceis. Desafiar o status quo, ou seja, a maneira como as coisas são é uma forma de avaliar como você gerencia os outros. Aproveite para refletir sobre algo importante que deseja comunicar e se pergunte: o que é mais importante nesta mensagem para mim? E para os outros? Pense, ainda, se existe alguma maneira melhor de dizer o que deseja.
Invista em atividades que possam lhe trazer maior equilíbrio emocional, pois isto é valorizado em todas as empresas, ainda que em alguns lugares essa característica receba nomes e descrições diferentes, como: “uma equipe com iniciativa”, “um líder que alcance resultados e que gerencie crises e processos de mudança”. Estamos falando de pessoas com capacidade de melhorar os relacionamentos dentro do ambiente de trabalho para o surgimento de melhores resultados.
Carlos Cruz é diretor da UP Treinamentos & Consultoria.