Autor: Geraldo Gianisello
Ter uma estratégia alinhada e, sobretudo, disseminada entres todos os públicos, é o pilar de sustentação de uma organização moderna, independente do porte ou área de atuação. Essa tarefa está concentrada fundamentalmente na área de recursos humanos, mas nem sempre foi assim. Pode-se dizer que a idéia de um RH como peça-chave da estratégia é recente, como também se pode afirmar, sem sobra de dúvidas, que esta é uma tendência irreversível.
A origem do RH remonta aos primórdios da Era Industrial quando se fez necessária a constituição do Departamento Pessoal, o popular DP, cuja função era atender às demandas de registro e de legalidade da relação entre trabalhador e empresa. Inicialmente exercido por advogados e depois por engenheiros, o histórico de atuação da área de recursos humanos não é glorioso, por assim dizer. Foi sim, e por muito tempo, uma atividade associada à função de encaixar o contingente humano das empresas em estruturas hierarquizadas.
É importante fazer este retrospecto em um tempo em que não falta espaço para notícias e artigos relacionados à gestão em toda grande publicação que se preze. É plenamente cabível dizer, por exemplo, que o RH hoje é tão importante como o marketing, que historicamente sempre esteve diretamente vinculado à estratégia de negócios. Marketing deriva do latim “mercare”, que definia o ato de comercializar produtos na antiga Roma. Ora, como diria Theodore Levitt, marketing é manter e conquistar clientes.
E o RH? É manter e conquistar colaboradores. Ele deve ocupar-se do alinhamento e direcionamento estratégico de todas as pessoas que compõem a organização. Cabe a ele, primordialmente, propagar valores e referência ética. Ora, antes do funcionário ou do parceiro, existe uma pessoa que precisa ser respeitada e considerada em toda a sua complexidade.
É tarefa dos profissionais que atuam direta ou indiretamente com a área de recursos humanos servir como um “balão de oxigênio” para que toda a organização se renove. Aportar conhecimentos, transmitir os valores que dão singularidade e alicerçam a cultura empresarial.
Não faz muito tempo que todas as companhias perseguiam aquela certificação ISO 9000, uma norma internacional que certificava o gerenciamento e a garantia da qualidade de produtos e serviços. Hoje, já existem cerca de 1500 empresas no mundo que tem a certificação SA 8000, que por sua vez, atesta a implementação dos processos internos necessários para assegurar os direitos humanos básicos dos funcionários. Tanto uma quanto outra, é bom que se diga, exercem um papel importante no sentido de servir como um parâmetro de excelência. Entretanto, não deixa de ser sintomática a ascensão da SA 8000 no mundo corporativo. Como também não é por acaso que se fale tanto em responsabilidade social.
Enfim, o foco está nas pessoas, não meramente por altruísmo, mas por exigência do mercado. Quem diria, anos atrás, que a competitividade também levaria a isso. E, quando se fala em priorizar o ser humano nas decisões, está se falando de RH.
Geraldo Gianisello é sócio diretor da consultoria Across.