Autor: Bernardo Jaber
Qual é o bem mais valioso de sua empresa? Qualquer negócio de gestão moderna, independente de porte, sabe que seus colaboradores estão entre seus maiores ativos. São eles que fazem girar as engrenagens do negócio. Portanto, é importante que ele seja bem cuidado. E é aí que entra o papel do setor de Recursos Humanos.
Gerenciar a área de forma eficiente é fundamental para garantir o controle de seus processos. Você está falando isso por que não cuida de mais de 100 funcionários? Entendo que a tarefa se torna mais complicada à medida que aumenta o porte da companhia. Sei também que as demandas vão desde as mais rotineiras, como folha de pagamento, admissões e desligamentos, distribuição de holerites, comunicados de férias, até aquelas consideradas mais complexas, como:
– Recrutar e planejar políticas de retenção de talentos;
– Gerir controle de performance contínua, com registro de feedback para que o colaborador possa melhorar ou ser reconhecido com agilidade;
– Engajar funcionários para aumento de performance, melhorar o clima organizacional e a comunicação ou ainda motivá-los a entregar resultados específicos;
– Prospectar novos benefícios, testar seu uso e contratar aqueles que possuem maior afinidade com o perfil de seus funcionários.
Até meados dos anos 90, toda essa rotina era realizada manualmente, requeria grandes volumes de arquivos e alterações cadastrais simples levavam muito tempo para serem realizadas.
A evolução desse processo iniciou-se com o advento dos softwares de integração de sistemas, os chamados ERP, que organizam dados de forma simples e responsável, mas que exigem a compra de licença de software, aquisição de equipamentos e contratação de profissionais apenas para seu gerenciamento. Seu ponto fraco era a alta demanda de custos e as limitações que apresentavam no uso diário.
Foi então que nos anos 90 começou a entrar em evidência uma tecnologia nomeada de Software como Serviço. Basicamente, os SaaS são softwares que utilizam computação em nuvem para oferecer serviços online, dispensando a necessidade de infraestrutura dentro da empresa.
Quando o SaaS começou a ser aprimorado, ninguém tinha ideia dos impactos que a tecnologia geraria para os departamentos de Recursos Humanos. A ferramenta agrupa dados e os relaciona com todas as demais áreas da empresa. O cliente paga apenas pela execução do serviço, sem a necessidade de comprar a licença do software.
De imediato, o RH que adota o modelo SaaS elimina processos manuais, ganhando tempo, diminuindo possibilidades de erros e eliminando redundância de atividades. Além disso, caso a empresa cresça e aumente o número de funcionários, o maior volume de trabalho é facilmente absorvido pelo software, garantindo ganho de escala com rapidez e eficiência.
Por fim, a relação entre o RH e os funcionários passa a ser mediada pelo sistema, o que permite ao setor se dedicar a questões mais estratégicas, enquanto os funcionários ganham mais autonomia ao acessarem dados salariais, checar benefícios ou avaliação de desempenho.
Economicamente, o SaaS dispensa investimento em infraestrutura (servidores, equipe técnica, sistema de proteção contra-ataques), que ficam à cargo da empresa fornecedora da tecnologia, também responsável pela atualização do software. Já o cliente arca com um investimento pequeno, pois paga apenas pela utilização do serviço.
Diante desse cenário, o futuro do RH desenha-se cada vez mais tecnológico. O investimento em ferramentas baseadas em tecnologia móvel e na nuvem é uma tendência irreversível para as soluções de RH, tanto do “core” da área, que inclui folha de pagamento e benefícios, por exemplo, até a gestão e retenção de talentos.
IMPACTOS NO MERCADO DE TI
E se os SaaS vêm mudando a cara da gestão em RH ao redor do mundo, ele também tem gerado grandes mudanças no mercado de Gestão do Capital Humano (HCM). Segundo o relatório “Panorama do fornecedor: sistemas de gerenciamento de recursos humanos SaaS 2017, da Forrester Research, grandes fornecedores de HCM mudaram-se decisivamente para as plataformas de software de RH SaaS e estão adicionando cada vez mais o gerenciamento de talentos, o envolvimento dos funcionários e outras novas ferramentas para complementar as funções principais da Gestão do Capital Humano.
No estudo, pela primeira vez, o software SaaS HR superou os sistemas locais no mercado de tecnologia de RH, respondendo por 56% dos HCM instalados, em comparação a 36% em 2013.
Outro relatório anterior da Forrester sobre a perspectiva do mercado global de tecnologia estimou o tamanho total do mercado de software de gerenciamento de RH em US$ 19 bilhões em 2016, chegando a US$ 21 bilhões em 2017 e US$ 24 bilhões este ano.
Outra característica desse mercado, ainda segundo o estudo, é que grandes empregadores não apenas estão adotando o SaaS em seus RHs para funções essenciais, mas também como ferramentas de envolvimento e experiência do funcionário. Neste sentido, Paul Hamerman, vice-presidente e analista principal da Forrester, afirma que as plataformas de HRMS (Human Resource Management System) vêm se tornando mais abrangentes e com forte cunho inovador para atender funcionalidades adicionais e específicas de seus clientes.
Tais incrementos dos sistemas atingem basicamente três áreas-chave:
1) Programas de engajamento para aumentar a lealdade dos funcionários, com base em uma experiência móvel, incluindo sistemas de mensagens, pesquisas e análise de sentimentos;
2) Gestão contínua do desempenho, incluindo coaching;
3) Aumento de capacidades de recrutamento com ferramentas avançadas de gestão de relacionamento com talentos, como acompanhamento de candidatos, envolvimento avançado de candidatos e fornecimento de talentos.
Um bom exemplo destas inovações vem da Target, que forneceu rastreadores de condicionamento físico para 335 mil funcionários, visando o fomento do bem-estar entre seus funcionários. Essa é uma das estratégias que a varejista está adotando para a gestão de seus talentos com o objetivo de melhorar o engajamento entre eles e que contou com sistema desenvolvido especialmente para suprir a demanda da empresa.
Em tempos de investimentos restritos, a tecnologia de computação em nuvem só tende a ganhar mais força. A solução transcendeu o segmento de TI para avançar em áreas que usam a tecnologia para dar suporte aos seus processos, como vem acontecendo no setor de Recursos Humanos.
Além de se beneficiar no tratamento de altos volumes de dados, permitindo que tomadas de decisão sejam baseadas em evidências, a computação em nuvem possibilita redução considerável nos investimentos necessários para implementar novas ferramentas, facilidades e gerar mais valor aos usuários.
A pergunta que fica, portanto, não é sobre a necessidade ou não de adoção de um sistema de integração na nuvem, mas sim quando isso acontecerá, tendo em vista os ganhos que agrega em todos os departamentos de Recursos Humanos. E você? Já adotou SaaS no seu RH?
Bernardo Jaber é diretor de marketing na Xerpa.