O mapa da eficiência na gestão de pessoas

Autor: Alexandre Velilla Garcia
Quais são os pilares da eficiência? Que caminhos devemos trilhar para desenvolver colaboradores com alto nível de desempenho que possam contribuir com o desenvolvimento de uma organização empresarial?
Certamente, essas questões perpassam a mente de qualquer gestor e, uma de nossas principais atribuições é refletir sobre elas, buscando respostas e planejando rotas estratégicas que tragam melhores resultados para as companhias em que atuamos. Vale apontar que, para além da implementação de soluções capazes de otimizar as rotinas operacionais de uma empresa – fator indispensável no contexto de inovação que vive hoje o mercado – é também fundamental extrairmos o máximo de potencial dos colaboradores que atuam conosco.
Sim, nós sabemos dos desafios que o ambiente de negócios brasileiro impõe quando tratamos da conquista de maiores índices de produtividade, todavia, acredito piamente que uma visão global de nossas empresas, amparada em alguns princípios centrais de atuação, nos auxilia a superar estes desafios, permitindo assim, que o negócio trilhe a rota sustentável em direção ao sucesso.
Neste sentido, destaco alguns destes princípios que, acredito, devem ser promovidos por CEOs e gestores dentro de qualquer organização:
Clareza na missão e saber delegar
Ser eficiente em um ambiente desorganizado no qual equipes não sabem ao certo o que se espera delas é uma tarefa hercúlea. Cada colaborador de uma empresa deve ter, de modo bastante claro, quais são suas atribuições, que resultados se esperam dele e de que modo ele pode contribuir para os objetivos centrais da organização. Do contrário, é como se estivéssemos montando um quebra-cabeças imenso sem uma imagem de referência.
Alinhar propósitos faz parte das rotinas de um CEO e promover uma cultura baseada em objetivos suficientemente claros, permite ainda, que os funcionários tenham espaço para crescimento, evitando microgerenciamentos desnecessários que só prejudicam os índices de produtividade de uma empresa.
Humildade e o caminho do aprendizado
Toda carreira de sucesso é construída com base no aprendizado constante. Tendo isso em vista, não é no primeiro erro de um colaborador que ele deve ser excluído dos planos de crescimento de uma empresa. Atitudes como essa, além de minarem a autoconfiança necessária para uma atuação com níveis positivos de inovação, criatividade, qualidade e eficiência, são contrárias ao princípio da evolução de uma trajetória profissional.
Outro ponto importante quando falamos em processos de aprendizagem é a necessidade de se investir em programas que tornem nossos colaboradores mais capacitados. Segundo estudo recente do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), a falta de qualificação é um dos principais fatores que afetam a produtividade no Brasil.
Neste sentido, se este movimento de incentivos à qualificação parte de dentro das empresas, temos chances muito maiores de aumentarmos a eficiência de nossas organizações, favorecendo a criação de diferenciais competitivos e de um ambiente empresarial mais sólido e produtivo, inclusive no país.
Equipe comprometida e a importância do engajamento
A velha máxima do ´vestir a camisa da empresa´ deve ser muito mais do que uma frase motivacional que usamos no fim de uma reunião, ela deve fazer parte, de fato, da realidade de um negócio. Basta pensarmos que quanto mais engajadas, mais eficientes são as pessoas que fazem parte de um negócio.
E este dado é comprovado via pesquisas. Segundo números levantados anualmente pelo Instituto Gallup, o índice de engajamento de trabalhadores americanos gira em torno de 30% (número este, 15% maior do que a média de engajamento em mais de 100 países nos quais o instituto atua).
Ora, se levarmos em conta que a produtividade de um trabalhador americano costuma ser até 4 vezes maior que a dos colaboradores brasileiros, é possível perceber aí um dos gaps em que devemos atuar, para alcançarmos índices de eficiência de primeiro escalão.

Gerações, inclusão e a promoção da diversidade
Se é fato que muitas cabeças pensam melhor do que apenas uma, acredito que um dos papéis centrais do CEO é promover a diversidade de culturas em uma organização.
Com bagagens culturais e conhecimentos capazes de se complementarem, uma empresa que promove efetivamente a inclusão e a diversidade, inclusive de gerações, é uma empresa com maior capacidade para a difusão de um ambiente criativo, inovador e no qual os colaboradores se sintam bem em trabalhar (lembremos que, fazer qualquer cálculo que envolva eficiência e qualidade, sem levar em conta a motivação e o interesse de colaboradores pelo próprio trabalho, torna-se no mínimo, algo complexo e incompleto).
E a diversidade, é crucial frisar, traz resultados comprováveis: de acordo com estudo envolvendo empresas brasileiras publicado na Harvard Business Review, empresas com ações voltadas para a diversidade atingem índices de produtividade até 50% maiores. No entanto, para alcançar esses números, o envolvimento dos líderes é indispensável.
Segundo a mesma pesquisa (desenvolvida pela Hay Group), os líderes são os principais catalisadores de um “mais aberto, produtivo e eficiente” ambiente de trabalho, sendo que, nas companhias onde os gestores alcançam melhores avaliações por parte dos colaboradores, o grau de eficiência do negócio é maximizado em até 20%.
Transparência acima de tudo, desde a medição dos resultados até os feedbacks de performace
Por fim, implementar métricas que avaliem a eficiência de colaboradores e do negócio como um todo, são os elementos finais de um ciclo que, por sua vez, deve ser contínuo, envolvendo a clareza dos objetivos, a promoção do conhecimento e da diversidade, de um maior engajamento de todos os colaboradores e a identificação dos processos de melhorias que devam ser implementados.
Dentro deste contexto, a condução de feedbacks que, ao mesmo tempo, sejam claros tanto no que os colaboradores têm a melhorar, quanto os seus pontos positivos, faz parte da rotina de qualquer gestor e deve estar alinhada com os propósitos organizacionais da empresa, visando crescimento pessoal e profissional do colaborador e, por conseguinte a otimização dos resultados do negócio.
Por fim, a base que sustenta todos esses processos é a transparência na condução de tais ações. Ser claro, tanto quanto aos resultados que vem sendo alcançados, quanto nas conversas com nossos colaboradores e na exposição do que realmente esperamos deles, é uma postura fundamental a ser assumida por todo líder que almeja conduzir uma organização produtiva, na qual um diálogo franco, aberto e colaborativo, é construído dentre todos os componentes da empresa.
Como vimos, o desenho de um mapa de eficiência é composto, sim, de etapas complexas, porém, a meu ver, indispensáveis. Ademais, o próprio desafio de conduzir um processo de mudança de mentalidade, postura e visão direcionada para o alcance de resultados, é um estímulo para qualquer líder que tem ciência do quão dinâmica e exigente é a carreira de um gestor de equipes. Neste sentido, trilhar o caminho rumo a uma organização mais eficiente é, ao mesmo tempo, uma tarefa árdua e compensadora. Abracemos essa causa em prol do fortalecimento do ambiente de negócios brasileiro. E, por falar nisso, que direções você está tomando rumo a eficiência na gestão de suas equipes?
Alexandre Velilla Garcia é CEO do Cel.lep Idiomas.

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