O primeiro empurrãozinho…

Além de ser um dos maiores empregadores do Brasil, o mercado de call center  diferencia-se de outros setores por oportunizar aos jovens, de maneira consistente e significativa, o acesso ao primeiro emprego. Sem exigir experiência, a atividade ganha a atenção desse público. Não por menos, hoje, esse é um dos principais perfis nas empresas do setor, indo no sentido contrário da maioria dos demais. “Existe uma equação um tanto quanto injusta com o jovem em outros setores, pois lhes são exigidas competências que os mesmos ainda não tiveram oportunidade de desenvolver justamente pela falta de acesso ao mercado de trabalho. Neste sentido, o nosso mercado segue a lógica inversa”, avalia Rodrigo Bittencourt, diretor executivo de operações da Tel.
Por enxergarem oportunidades, ele explica que os call centers apostam no desenvolvimento e aperfeiçoamento das competências dos jovens, ainda que inexperientes, “mas ávidos por conhecimento, oportunidades e crescimento profissional”. Como prova, o diretor destaca que análises realizadas pela área de RH da Tel identificou uma melhor performance na contratação de jovens, em especial, no seu primeiro emprego. “Os estudos revelam que esse perfil apresenta uma grande vontade de ingressar no mercado de trabalho e, por ter conseguido tal oportunidade, encara como única. Isso os impulsiona uma grande motivação em aprender e desenvolver o seu potencial, fazendo com que sejam mais determinados e disciplinados em executar as atividades da melhor maneira possível.”
Também ciente disso, a Flex RR tem tirado proveito desse perfil, a partir de ações e programas voltados para os jovens. “Jovens no primeiro emprego têm bastante energia, vitalidade, vontade de aprender e de praticar as coisas que aprendem, eles são ávidos por novidades”, aponta a superintendente de RH, Luciana Zabot, acrescentando que ter jovens no corpo de funcionários também é importante por obrigar a empresa a estar sempre modernizando os processos para acompanhá-los. Nesse sentido, a gerente de RH da Callink, Marcela Martins Pimenta, pontua a importância da visão que esses jovens podem trazer para dentro da empresa, contribuindo para oxigenar os demais profissionais. Para ela, essa nova geração ajuda a pensar em como fazer diferente todos os dias, pois trazem questionamentos que muitas vezes não esperamos. “Nem sempre temos as respostas certas, mas o mundo é movido pelas perguntas e esse diferencial você encontra nessa geração”, reforça.
Outro ponto considerado na contratação deles é a questão de que são pessoas sem vícios corporativos. “Temos a cultura da empresa e os valores muito fortes, então valorizamos jovens começando a carreira porque nos possibilita desenvolvê-los dentro do que acreditamos e treiná-los de acordo com nossas práticas e políticas”, pontua Luciana. Reforçando essa tese, a gerente executiva da Page Talent, Manoela Costa, coloca o fato de ter alguém que vai se envolver com a cultura da organização, tendo a expectativa de ser desenvolvido dentro desse sistema. “Provavelmente, a empresa vai conseguir formar pessoas mais engajadas, já que serão aculturados dentro desse ambiente corporativo”, comenta.
DESAFIOS
Junto com as vantagens há também desafios. Um deles é reter esse público, o que não é algo fácil, já que o jovem de hoje tem uma ansiedade e vontade de conhecer quase que tudo ao mesmo tempo. De acordo com Manoela, ele tem um perfil muito mais curioso, que pode fazer com que se desmotive rapidamente e queira conhecer a empresa do lado. Por isso, o maior desafio é realmente de como manter esse jovem motivado sem com que ele tenha interesse de ir trás de outras empresas. Nesse sentido, ela coloca a gestão também como fundamental. “É importante ter um gestor comprometido e envolvido com a evolução dos jovens, que trabalhe o diálogo e a proximidade.” Além disso, é preciso ter um plano de desenvolvimento que forneça os alicerces necessários para o desenvolvimento, como treinamento e feedback.
Outro desafio é fazer com que esse jovem compreenda que as atividades fazem parte de um processo, que existe causa e efeito, segundo Marcelo Vial, responsável pela Soma Jovens, divisão especializada no desenvolvimento de jovens executivos da Fellipelli Consultoria. “Quando trabalhamos com nossos clientes é sempre gratificante poder exercitar o desenvolvimento do protagonismo e responsabilização dos jovens, por exemplo.” O executivo conta que é nesse momento que se dá o grande salto de desempenho, pois trabalha a aceleração do amadurecimento – autoconhecimento e inteligência emocional, por exemplo. “Quando todos entendem que são responsáveis pelos resultados gerados e conseguem criar um ambiente de comunicação aberto e íntegro, forma-se uma equipe de alto desempenho”, destaca.
Vencido esses desafios, a empresa não só conseguirá ter bons resultados, como irá contribuir na formação dessa pessoa. “O empresário brasileiro além de formar jovens, cultivará cidadãos prontos para ajudar a sua organização a crescer”, conclui Seme Arone Junior, presidente do Nube.
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