Antigamente, o trabalho era fundamentalmente algo para prover dinheiro, cuja função era colocar comida na mesa. O mundo mudou e as condições do trabalho também. O valor do salário deixou de ser suficiente. Então, empresas começaram a se preocupar em prover benefícios diferentes, tais como salas de descompressão, massagens, academias, coaching, refeições gratuitas, salas de jogos e muito mais. Isso tudo funcionou muito bem por um tempo, mas hoje… não mais. Atualmente, além do salário e dos benefícios, o que os jovens brasileiros procuram em um trabalho é o envolvimento emocional.
Segundo o diretor-executivo da Marketdata/WPP, David Whittaker, “para manter um talento em sua empresa hoje, é preciso investir não só em qualidade de vida, mas também em valores importantes para as pessoas”. “Além disso, é necessário ser uma empresa realmente sustentável, que trabalhe pelo meio ambiente e que priorize a ética. As carreiras precisam ter propósito, e mais, os jovens sentem necessidade de serem melhores. O que faria a diferença seria apoiar os seus ´side hustles´, eles têm interesses e projetos fora do trabalho principal, muitas vezes comerciais, e em vez de obstruir isso, as empresas precisam encorajar e até apoiar financeiramente estas iniciativas”, acrescenta.
Dentro disso, a pesquisa “Millenials in Europe and Brazil”, realizada pelo Grupo Geometry/WPP, que entrevistou jovens entre 18 e 20 anos nos dois continentes, levantou o que a nova geração mais valoriza no trabalho. O resultado indica que em primeiro lugar na lista de desejos dos entrevistados está Qualidade de Vida (38%), seguida de Carreira (24%) e, empatados, aparecem Dinheiro e Contribuição para a Humanidade (19% cada). A pesquisa do Grupo Geometry apontou também algumas prioridades para o futuro desta geração de Millenials. Na primeira posição aparece o Estudo (21%), seguido por Experiência de Vida (19%), Sonho da Casa Própria (17%), Projetos Sociais e Filhos (ambos empatados com 13%), Carros de Luxo/Esportivos(11%) e Fama/Canal YouTube (6%).
Sobre a questão da economia digital, o estudo também levantou algumas informações. Quando questionados sobre o medo da automatização, em especial com o desenvolvimento da Inteligência Artificial (IA), 50% dos jovens não pensam que a IA vai substituir o seu trabalho. Dos entrevistados, 17% dizem que sim (e estão preocupados) e 33% dizem que sim (porém, não estão preocupados). A maioria também acha que a IA aumentará a desigualdade no mundo (76% dos entrevistados), enquanto 24% dos jovens acreditam que isso não acontecerá. No quesito homem substituído pela máquina, Whittaker diz que será necessário buscar um trabalho menos operacional, pois a Inteligência Artificial tende a tomar conta de tarefas mais repetitivas e roteirizadas. “Tudo o que for realmente mecânico tende a ser substituído, mas o que for criativo e imaginativo, não”, enfatiza Whittaker.