Os desafios do RH contemporâneo

Autor: Marcel Lotufo
A área de Recursos Humanos deixou de ser um setor operacional para se tornar um braço estratégico para as empresas. Evoluiu como resposta às novas demandas de mercado, e o que não faltam são desafios, mas é possível citar alguns dos principais. O primeiro é encontrar gente qualificada. Os atuais cargos exigem um conjunto bem específico de conhecimentos, habilidades e atitudes, fazendo com que empregadores admitam ter dificuldades em contratar.
Isso sem contar que as crianças de hoje trabalharão em empregos que ainda nem existem. Logo, os desafios futuros serão ainda maiores. Em paralelo, a retenção de talentos representa outra missão, assim como a transição digital: em que as empresas estão redesenhando suas atividades de gestão de pessoas para aproveitar ferramentas digitais, como softwares de recrutamento e seleção. Companhias que não fazem o mesmo correm o risco de perder em competitividade e ficar atrás da concorrência. Logo, terão piores indicadores de sucesso.
Outros desafios podem ser citados, como a mínima margem para erros, a dificuldade de atingir elevados retornos sobre investimento e a manutenção de um clima de trabalho agradável. Cabe ao RH, em parceria com os líderes imediatos, superar esses problemas. Existem diferentes conceitos para o termo “HR Tech”. Aqui, é possível defini-lo como o RH tecnológico, que usa a inovação como base para o sucesso da gestão de pessoas. Por esse motivo, em menor ou maior grau, hoje todo RH precisa ser “tech”.
Não significa que esse novo modelo não use métodos tradicionais, como a triagem manual dos currículos ou avaliação por competências em questionários impressos. Quer dizer que ele busca, dia após dia, se adequar à quarta revolução industrial. Assim, a construção do HR Tech é um processo contínuo que envolve absorver novas tecnologias, reconfigurar métodos obsoletos, integrar gente qualificada, monitorar os resultados obtidos e, claro, definir metas desafiadoras para o futuro. Pode parecer algo trabalhoso – e certamente é – mas também é o caminho crucial para manter o negócio competitivo e superar os resultados medianos por meio de “gente”.
Logo, toda empresa deve pavimentar seu caminho para o HR Tech, ou seja, o RH moderno. Não há mágica. A construção de um RH do futuro é passo a passo, focando em desenvolver as principais características desse novo modelo de atuação. Para isso, o gestor deve saber quais são essas características, entendendo que tecnologias podem ser integradas e qual é o papel da equipe nesse contexto.
Boas tecnologias
A tecnologia, como disse, é a base para modernizar o RH. Primeiro, avalie quais podem facilitar a gestão de pessoas e invista nelas. O objetivo é fazer gradualmente a transição do RH manual para o digital. Há uma boa quantidade de tecnologias que podem ser usadas, como sistemas de seleção e softwares de entrevista em vídeo, por exemplo. Avalie qual melhor se adapta à sua empresa.
A inserção de novas tecnologias promove mudanças nos processos e rotinas de trabalho. O problema é que toda alteração causa medo e, por consequência, certa resistência. Mas o novo modelo de RH também se preocupa em gerenciar essas transições. Converse com a equipe de trabalho, explique o que está mudando e o porquê. Logo, terá mais chances de sucesso.
A evolução constante é uma característica essencial para a sobrevivência das empresas no mercado atual. Por isso, cabe ao RH moderno integrar novas tecnologias tendo em vista o longo prazo. É provável que nos próximos anos boa parte dos processos de RH seja digital e automatizada. O gestor precisa olhar para o futuro. A centralização das decisões é extremamente obsoleta e não se aplica ao conceito moderno da gestão de pessoas – inclusive no RH.
A equipe deve estar envolvida de ponta a ponta. Não adianta contar com boas tecnologias e não ter gente motivada e competente para manuseá-las. Portanto, aproveite para promover bons programas de capacitação e conscientização. É fundamental haver sinergia entre o fator humano e tecnológico. Assim, todos ganham.
Marcel Lotufo é co-fundador e CEO da Kenoby.

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