Autor: Nathalia Hauache
Retração no volume de vendas, de negócios efetivados, e redução na procura por alguns serviços, esse é o ônus que a crise que o Brasil atravessa deixa para vários setores. Mas será que a estagnação do mercado é mesmo causada exclusivamente pelo cenário macroeconômico? A crise acarreta inúmeros problemas, mas também é uma oportunidade para rever a forma como empresas estão gerindo seus projetos, seus funcionários e principalmente qual cultura cultivam dentro das organizações. A volubilidade obriga a revisitação a velhos – e muitas vezes nem tão bons -, costumes, o caminho é quase sempre ´enxugar´. Enxugar gastos, enxugar fornecedores e, muitas vezes, enxugar o quadro de funcionários.
Mas, melhor do que desligar funcionários, fazer uma análise verdadeira e profunda da utilização do tempo do colaborador e da sua capacidade produtiva talvez seja o melhor caminho para resultados efetivos. Priorizar demandas com base na geração de valor, simplificação de processos, adequação da capacidade de entrega dos colaboradores e entrada de demandas no momento adequado se mostram como uma solução viável para melhoria de performance baseada em pessoas.
O método Lean Service faz isso, estimula as pessoas a serem disciplinadas e proativas, a terem mais autonomia de ação e a evidenciarem os erros cometidos em seus processos de gestão de forma aberta e sem constrangimento, o que torna viável encontrar soluções para os problemas. O foco dessa filosofia está nas pessoas. É por meio do pleno envolvimento dos colaboradores com o trabalho da empresa que é possível vislumbrar oportunidades de melhorias contínuas e ganhos sustentáveis.
Se trabalhar com os recursos certos no tempo certo é importante para empresas que não enfrentam dificuldades, incorporar um pensamento enxuto em tempos de crise parece fazer ainda mais sentido. O Lean Service tem o objetivo de melhorar o desempenho das organizações, transformando a maneira como as pessoas gerenciam e resolvem problemas.
O Lean busca, antes de mais nada mais eficiência na gestão e permite às empresas e profissionais que atuam segundo o método fazerem mais com menos, com mais qualidade, agilidade, sustentabilidade e de forma segura e adaptável. A filosofia do Lean prega a eliminação de desperdícios, fazer sempre mais e melhor. O modelo de gestão baseado nesse pensamento propõe também uma dinâmica de solução de problemas, ou seja, de melhoria contínua mirando sempre nas oportunidades e como é possível melhorar a entrega.
Com a implementação do ´pensamento enxuto´ as empresas passam a ter mais consciência das suas atitudes e isso agiliza o processo de tomada de decisão, uma vez que eles passam a ser realizados por um método que controla a produção ou execução de tarefas, permitindo um fluxo de trabalho regular, ininterrupto, sem atrasos ou retrabalho.
Produzir a partir do pensamento Lean requer das pessoas colocarem-se no lugar do cliente, enxergarem a partir da ótica dele. Valor é o que gera valor pra ele. Com esse entendimento deve-se melhorar a sequência de atividades que geram valor para o cliente; depois essas atividades devem ser realizadas ininterruptamente. As demandas devem ser realizadas sempre que alguém solicita – demanda puxada e não empurrada, e de forma cada vez mais eficaz.
Fazer parte do movimento Lean não é apenas adaptar-se a novos métodos ou novas ferramentas de trabalho. É adaptar-se a uma nova cultura. Lean requer um comprometimento permanente de todos para que sejam alcançadas melhorias de processos e, acima de tudo, mudanças no comportamento das pessoas.
Nathalia Hauache é diretora da Ekantika.