Autora: Claudia Lourenço
Ao passar por processos de desenvolvimento ou treinar equipes, normalmente, caímos na armadilha de dirigir nossas energias para aquilo que é visível. O que vemos são as nossas ações ou as atitudes das pessoas. Os resultados desses comportamentos refletem diretamente no desempenho. Existe uma metáfora chamada modelo Iceberg, usada pela terapia cognitivo-comportamental e várias ciências comportamentais.
O modelo de comportamento do Iceberg reconhece que o desempenho, os resultados e o comportamento das pessoas são visíveis (acima da superfície). No entanto, nosso desempenho é governado pela forma como pensamos e como nos sentimos; e isso é geralmente invisível (abaixo da superfície).
Para mudar o comportamento, que impulsiona o desempenho, precisamos mudar a maneira como pensamos. Este é o cerne de qualquer comportamento ou desempenho. Na grande maioria das vezes, quando queremos mudar um hábito ou um comportamento ruim, ou mesmo influenciar uma mudança em nossos liderados, nos concentramos nas ações e trabalhamos com foco no desempenho. Dizemos às pessoas que mudem a maneira como elas fazem as coisas. Ou tentamos mudar uma ação. No entanto, não são raras as vezes que ficamos frustrados e decepcionamos outras pessoas com promessas de mudanças, que infelizmente, não são efetivas.
É raro que os hábitos e os sentimentos, que impulsionam o desempenho de uma pessoa, sejam discutidos e, ainda mais raro, a reflexão sobre os pensamentos que norteiam a nós e aos outros. No entanto, é determinante o poder que os pensamentos têm em nossa vida. Com pensamentos negativos, podemos ficar deprimidos, irritados, frustrados, desapontados, temerosos, preocupados, tristes, perplexos. Do lado positivo, alguns pensamentos podem provocar sorrisos, gargalhadas, conferir uma sensação de orgulho, provocar relaxamento, gerar autoconfiança.
Os pensamentos impactam diretamente em nossas emoções e, na sequência, nas
nossas atitudes – independentemente de estarmos conscientes disso ou não.
Assim, se quisermos novos comportamentos e resultados diferentes,
precisamos aprimorar os pensamentos por meio de técnicas que desencadeiem novos mapas mentais.
Se quisermos equipes com desempenho superior, não podemos dizer a elas o
que fazer e sim ajudá-las a pensar de modo diferente. Há técnicas para isso. Algumas reflexões, escritas ou verbalizadas, podem ajudar: Quais aspectos dos meus pensamentos são mais importantes ou eficazes? Que outras lentes eu poderia usar sobre os meus pensamentos? É poderoso repensar, questionar, elucubrar, conversar consigo mesmo, iluminar os pensamentos e assim produzir insights, aumentando a consciência sobre nossa potencialidade, abrindo caminho para novas soluções.
Claudia Lourenço é diretora de RH da Europ Assistance.