Por que um bom líder deve ser um bom comunicador?

Autora: Maraísa Lima
Ao longo dos anos, ouvimos histórias de pessoas que arrebataram multidões com discursos, cartas e ideias. Sem fazer uma longa busca, vem à memória nomes como Abraham Lincoln, Martin Luther King, Barack Obama, Nelson Mandela, Papa Francisco e Jesus de Nazaré. Mas o que esses homens têm em comum?
James Humes, o ex-redator presidenciável que escreveu discursos dos não menos notáveis Eisenhower, Nixon, Ford e Reagan, nos indica o ponto de partida para responder a questão ao afirmar que “a arte da comunicação é a linguagem da liderança”.
Mesmo sem aprofundar na biografia desses grandes líderes, podemos elencar pelo menos três razões que explicam por que a capacidade de comunicação se tornou um elemento decisivo para o sucesso de sua liderança:
1. Conhecem o seu interlocutor: o pastor Martin Luther King se tornou um ícone na luta pelos direitos civis negros, nos EUA no século passado, por conhecer exatamente as dores e necessidades das pessoas para as quais pregava suas ideias e pela maneira segura como se expressava diante desse público. No dia 28 de agosto de 1963, data de seu lendário discurso, palavras como “segregação”, “discriminação”, “liberdade”, “felicidade”, “justiça” e “sonho” representaram a realidade e o anseio de seus milhares de seguidores.
2. Tocam a mente e o coração das pessoas: grandes líderes conseguem se colocar no lugar do outro e compreendem que tipo de mensagem cria uma conexão emocional e também lógica com as pessoas. Ouvem de maneira tão genuína que são capazes de direcionar a sua comunicação com muita facilidade. No livro “Como fazer amigos e influenciar pessoas”, Dale Carnegie nos lembra que para despertar o interesse de uma pessoa é preciso falar sobre assuntos de seu interesse. Era o que fazia Abraham Lincoln quando recebia convidados em sua casa ou enquanto liderava a nação estadunidense em um dos momentos mais conflituosos de sua história, a guerra civil.
3. Sabem vender uma ideia e engajar pessoas: com uma oratória altamente desenvolvida, são articulados, usam de palavras conhecidas e tocantes, além de terem uma alta capacidade de persuasão. Jesus Cristo discursou para ricos e pobres sobre temas polêmicos e conseguiu ser compreendido por fazer uso, por exemplo, do recurso de parábolas, metáforas e comparações. Tinha a habilidade de mostrar que era possível sair de uma condição atual desfavorável para um estado futuro desejado. Com isso, conseguia motivar seus seguidores a acreditar que nada era impossível.
De um modo geral, a finalidade da comunicação é produzir uma reação no interlocutor. Num exemplo simples, podemos observar um feedback (“retorno”) do receptor em relação à compreensão de um e-mail. Num outro extremo, essa reação pode ser o engajamento de um colaborador com a entrega de metas numa organização. Mas como conseguir esse retorno das pessoas? Por meio da comunicação consciente que envolva ações planejadas e constantes!
Por fim, vale a pena resumir aquilo que consideramos mais importante para que “a arte da comunicação” seja a linguagem da liderança: conhecer o público-alvo a fundo, compreender suas dores e necessidades, se conectar emocionalmente ao receptor por meio de uma linguagem acessível e assuntos de seu interesse, buscar informações relevantes, ter um posicionamento seguro e entender o ponto de vista do outro.
Maraísa Lima é jornalista, especialista em marketing, comunicação empresarial e professora do curso de aperfeiçoamento profissional “Comunicação Organizacional para Liderança Assertiva” no Instituto de Pós-Graduação e Graduação (IPOG).

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