Autor: Edilson Menezes
O Brasil passa por uma avalanche de denúncias, descobertas, investigações, punições, prisões e, por consequência, vivencia as oscilações dos gráficos que apontam o andamento da economia, dos investimentos e da credibilidade. Protagonizada pelo juiz Sergio Moro, a operação ficou famosa e despertou o repentino interesse generalizado da população brasileira por política.
O artigo desta semana não tem pretensões políticas e tampouco procuro defender correntes opinantes. Ao invés disso, quero fazer a boa e velha analogia pessoal-corporativa, para que possamos entender como gerenciar nossos negócios enquanto o furacão passa pelo Brasil.
Você tem uma figura como Moro em sua empresa, na vida pessoal e até mesmo atuante na gestão de seu tempo?
Moro em sua empresa – todo bom projeto requer a presença de alguém que se disponha a investigar o ralo do dinheiro. Nas empresas e organizações diversas, inexiste a cultura de investigar o sentido do dinheiro gasto. Por exemplo: o gerente mais qualificado ou o melhor gerador de negócios pede um reajuste salarial, mas a empresa recusa e apresenta uma lista de justificativas. Ao mesmo tempo, contrata uma consultoria milionária que nada entende de seu negócio e decerto vai repetir em relatório tudo aquilo que estes dois profissionais já disseram. Tempos depois, sem um Moro para apontar onde o dinheiro suado da empresa tem sido inadvertidamente empregado, a consultoria irá embora, mas os problemas permanecerão, pois foram diagnosticados e ignorados. O resultado não poderia ser diferente:
Hoje insatisfeitos, os colaboradores de altíssima performance toleram isso e aquilo. Amanhã, estarão sentados no RH do concorrente para entrevista e contratação imediata.
Moro em sua vida pessoal – algum Moro deveria nos cobrar pela ética comportamental durante o cotidiano. Ninguém haverá de abrir um processo contra você por jogar lixo da janela do carro, sujar a rua com guimba de cigarro ou acelerar, ao invés de frear, quando vê um pedestre a atravessar e quando percebe que o motorista da faixa vizinha tenta, em vão, entrar na sua faixa. Determine condução coercitiva para os seus comportamentos nocivos que roubam dos semelhantes a chance de viverem melhor. O Moro de sua vida decerto se orgulharia de ver um cidadão ajudando a idosa, mas nem por isso deixaria de cobrá-lo, de intimá-lo por furar a fila ou apropriar-se de uma vaga exclusiva para deficientes, no estacionamento.
Moro em sua gestão do tempo – você pode ter um líder no trabalho, talvez possa dividir com outras pessoas as responsabilidades pela lida com a casa, mas com certeza não tem ninguém em sua vida que se preocupe com a boa administração do tempo. Assuma a persona de Moro para policiar-se. Intime-se a demandar tempo para obtenção de cultura. Leia, permita-se treinar, educar e evoluir. Enquanto isso, determine prisão preventiva imediatamente contra a procrastinação. É doloroso constatar pessoas que reclamam das crises política e econômica e são indispostas a qualquer ação que as permita sobreviver com excelência enquanto os dias turbulentos desenham as circunstâncias e o futuro.
Você é ou deveria ser o mais ousado juiz de sua vida, pois sua existência será plena se tiver a coragem de abrir a caixa de defeitos e se propor a consertar, aos poucos, cada um. Assim se faz justiça. Assim você pode obter um Moro para tratar o íntimo foro…
A escolha, como sempre, é apenas sua!
Edilson Menezes é treinador comportamental e consultor literário. Atua nas áreas de vendas, motivação, liderança e coesão de equipes. ([email protected])