Uma pesquisa da Vagas.com revela que 54% das puxadas de tapete no ambiente de trabalho são protagonizadas por chefes ou superiores hierárquicos das vítimas. Participaram do levantamento 3.834 profissionais, com idades entre 16 e 60 anos. A maior parcela dos respondentes (55%) ocupa cargos operacionais, seguida por analistas e especialistas (22%), 13% integram quadros de média gestão e 8% têm postos na alta administração das empresas. Os 2% restantes foram respondidos por trabalhadores desempregados no momento e profissionais liberais.
Segundo o levantamento, 62% da amostra afirma ter sofrido alguma ação que denota puxada de tapete no trabalho, caracterizada por ações que prejudicaram a carreira: 27% dos casos foram protagonizados pelo chefe imediato. Outros 27% informaram que as ações foram perpetradas por alguém com cargo mais alto na hierarquia. Para 34%, a transgressão foi promovida por indivíduo do mesmo nível hierárquico. E apenas 11% relataram ter sofrido algum tipo de ação prejudicial por profissionais com cargo inferior.
“Esses dados mostram que os gestores estão, em algumas ocasiões, sabotando o trabalho de integrantes de sua própria equipe ou de subordinados para levarem algum tipo de vantagem em sua carreira ou na companhia onde trabalham. É um indicador surpreendente e ao mesmo tempo muito preocupante, pois demonstra que a maior parte dos líderes não está administrando sua equipe como deveria”, analisa Rafael Urbano, especialista em inteligência de negócios na Vagas.com.
Foram considerados no levantamento nove tipos de ações configuradas como puxada de tapete no ambiente de trabalho. Ter confiado muito em uma pessoa que depois viria a prejudicar sua imagem, foi a campeã do levantamento, com 32% das respostas, seguida por roubo de crédito para ideia ou iniciativa, com 23%. Os respondentes puderam apontar mais de uma situação de que foram vítimas.
Veja abaixo as demais situações e resultados:
– “excluíram você de algum projeto para não te dar visibilidade” – 17%;
– “foi acusado por algo que nunca participou” – 13%;
– “outra situação favorecendo colegas sem o devido mérito, independente da capacidade profissional” – 13%;
– “passaram por cima da sua autoridade. Tomaram uma atitude que deveria ter sido feita por você” – 12%;
– “levaram você a erro para se aproveitar de alguma situação” – 11%;
– “deu muita atenção à “rádio peão” e acabou tomando uma atitude precipitada que prejudicou sua carreira” – 6%;
– “não sofreu nenhuma destas ações ou situações” – 38%.
O levantamento procurou entender dos entrevistados o que aconteceu com eles após passarem por algumas das ações listadas anteriormente. Entre as múltiplas escolhas, somaram 19% os que foram demitidos. Para 26%, nada mudou, tudo se manteve igual. Com este mesmo percentual (26%), os respondentes informaram não ter recebido o reconhecimento ou promoção que mereciam. Em 14% dos casos, teve a atenção chamada. Representaram 13% os que sofreram represália. Do total, 12% pediram demissão. Já 6% acionaram um canal institucional, mas não obtiveram resposta. E apenas 3% procuraram esse mesmo canal e conseguiram um posicionamento da empresa.
“Os funcionários acabam não tendo o devido reconhecimento e importância que deveriam. E acabam até sendo demitidos quando procuram manter um diálogo e entender o porquê de terem sido prejudicados. É um tipo de cultura que ainda predomina entre alguns chefes e que acaba prejudicando uma equipe ou até mesmo um departamento inteiro. Um bom gestor deve promover e reconhecer seus subordinados”, conclui Rafael.