Autor: Alexandre Velilla Garcia
O que seria de nós sem a nossa capacidade de nos recompormos e continuarmos fortalecidos diante dos desafios e obstáculos diários que estão presentes em nossas vidas? Ao longo de nossa jornada existencial, nos deparamos com uma série de situações, tanto positivas quanto negativas, e precisamos adquirir força e ter bastante maturidade para extrairmos lições relevantes diante de todas as experiências pelas quais passamos.
Se, no plano pessoal, a importância da saber se adaptar se mostra um fator decisivo, quando falamos do ambiente de trabalho, ser resiliente torna-se uma virtude ainda mais preponderante, capaz até de determinar o sucesso ou não de uma trajetória profissional, inclusive daqueles que alcançam postos de liderança.
Faço esse destaque não por acaso. De acordo com um estudo desenvolvido na Grã-Bretanha com funcionários de diferentes empresas, foi constatado que, para 75% deles, as políticas de seus ambientes profissionais e a necessidade de gerenciar pessoas difíceis eram os fatores com os quais eles mais utilizavam suas reservas de resiliência. Ou seja: os desafios do cotidiano corporativo, inevitavelmente, têm um grande peso em nossas vidas e para eles direcionamos um grande quinhão de nossa bagagem de inteligência emocional.
Sendo assim, pensando no universo da liderança e na necessidade que nós gestores temos de apontar caminhos para pessoas com diferentes culturas, personalidades e anseios, em meio ao alto nível de cobrança advindo de diferentes frentes (consumidores, colaboradores, stakeholders) por grandes resultados, e na própria mudança constante dos ambientes econômicos e organizacionais, o que um líder precisa fazer para se tornar mais robusto, acumulando altos níveis de resiliência e ser capaz assim de conduzir o futuro de uma organização?
Analisando estudos de especialistas e minha própria trajetória profissional, cheguei a cinco atitudes que considero indispensáveis:
Entenda seu estilo de liderança e perceba o que é necessário mudar
Conheça-te a ti mesmo. O conselho antigo advindo da filosofia certamente é válido para o universo gerencial. Para fortalecermos nossos níveis de resiliência precisamos, antes de tudo, compreender nosso perfil de liderança para, em seguida, perceber as exigências da organização que estamos liderando e, por fim, implementar as mudanças necessárias em nossas atitudes de gestão. É importante ter claro que estar aberto a mudança é tão fundamental quanto nosso movimento inicial de autocompreensão.
Construa uma “cultura emocional” positiva na organização
Em um extenso estudo divulgado pela Harvard Business Review, as pesquisadoras americanas Sigal Barsade e Olivia A. O’Neill, apontaram que a cultura emocional de uma empresa, ou seja, os valores e as emoções que as pessoas expressam em um ambiente de trabalho, influencia diretamente em questões que vão dos níveis de satisfação dos colaboradores até métricas mais estruturais, como o desempenho financeiro ou os níveis de abstinência dos funcionários. Sendo assim, quando pensamos no fortalecimento dos níveis de resiliência – tanto dos líderes como dos colaboradores como um todo – é essencial investir em políticas e práticas de gestão que garantam uma cultura emocional positiva na empresa em que atuamos.
Tenha sempre em mente que tanto os sucessos quanto as falhas são fontes ricas de aprendizado
Esta provavelmente é a base de qualquer movimento em prol da resiliência: uma vez que em nossa vida profissional lidamos, inevitavelmente, com obstáculos e até mesmo frustrações, é crucial transformar todas estas situações em motores capazes de motivar-nos para que nos tornemos melhores líderes e melhores seres humanos. Só com esse senso de maturidade, poderemos enfrentar os desafios intrínsecos a qualquer jornada de sucesso.
Humildade em aprender com o outro
Buscar fortalecimento emocional em nossos colegas, amigos e família não é só desejável, como também um sinal de humildade e capacidade de compreensão de que só evoluímos de verdade quando convivemos de modo harmonioso e aberto com outros indivíduos. Encare os diálogos e a convivência – mesmo com pessoas consideradas difíceis – como uma fonte de aprendizado e busque ampliar seus skills emocionais interagindo com indivíduos de diferentes culturais e backgrounds. Acima de tudo, saiba ouvir e também oferecer algo de positivo para aqueles com que convive na sua vida pessoal e profissional.
Seja um inconformado nato
O conformismo é o oposto da resiliência, sobretudo quando ficamos estagnados graças ao medo das mudanças ou dos desafios presentes em qualquer carreira bem-sucedida. Sendo assim, não tenha medo de buscar o novo, de implementar novas ideias e de ter a certeza que verdadeiros líderes são pessoas naturalmente inconformadas, sempre em busca de algo que possa melhorar em si e em suas organizações, além de gerar impactos positivos para a sociedade.
Aprender sempre
O individuo resiliente não é aquele que foge de situações complexas, muito pelo contrário, é aquele que consegue, a partir de cada situação vivida – pessoal e profissionalmente – extrair uma nova fonte de aprendizado e gás para definir seu caminho, seguir em frente e conquistar seus objetivos. Neste sentido, assuma a liderança de sua própria jornada e entenda que obstáculos existem para serem vencidos.
Alexandre Velilla Garcia é CEO do Cel.lep Idiomas.