Era uma vez*… um jornalista chamado Téo Torquato, que estava à procura de um assunto para ser pauta de um especial de final de semana do portal de notícias Callcenter.inf.br. Em meio à essa busca, ele lembrou de um técnica que vinha sendo comentada por alguns executivos como forma de treinar e motivar os colaboradores. Ainda sem saber muito sobre o que era esse tal de storytelling, ele pesquisou na Internet e conversou com alguns profissionais da área de gestão de pessoas. Logo de cara, descobriu que o tema ainda é pouco conhecido do mercado, que só aos poucos vem adotando a técnica. Porém, as vantagens que traz para o negócio são tantas, que a expectativa é de que o cenário mude rapidamente.
Com o tema do especial decidido, Torquato foi atrás de alguns especialistas no assunto para entrevistá-los. O ponto em comum entre todos, foi de que a grande novidade está no uso desse ato de contar histórias no ambiente corporativo. Afinal, narrativas sempre existiram. Sob várias formas em diferentes culturas, o ato de contar histórias é algo natural do ser humano. As parábolas bíblicas eram storytelling, os maathal árabes são storytelling, assim como muitas piadas. “Na verdade, não existe grande novidade. O que existe é o reconhecimento de que as práticas antigas tinham valor. As culturas predominantemente orais sempre se valeram de histórias para transmitir valores, conhecimentos e interdições. Agora, as empresas descobriram como esse costume pode ser importante”, comentou Mônica Kalil Pires, consultora da Ativar.
Essa importância se dá pelas inúmeras vantagens que storytelling traz para os negócios, como contaram os entrevistados. O diretor da People Strategy, João Roncati, revelou que a prática é uma forma simples e pessoal de transmitir mensagens e dividir experiências. “O seu diferencial é que não há dependência de processos complexos, mas de vontade/disposição e alguma capacidade de contar uma história.” Mônica acrescenta que as pessoas – especialmente os mais jovens – não têm mais paciência com palestras, ou pessoas que se colocam em um pedestal para ensinar os outros. “A educação hoje em dia é bem mais eficaz quando horizontal. O storytelling, neste sentido, aproxima a informação e a torna mais interessante”, explicou.
Já a psicóloga e co-founder da B! Storytelling, Gisele Meter, destacou que a comunicação se torna mais fluída, compreensível e simplificada, evitando assim qualquer tipo de ruído. Outro fator a favor é que ele busca elementos para a solução do problema, ou seja, muito dos elementos do storytelling, podem ser trabalhados pelo background da psicologia positiva, que é o olhar positivo diante de uma situação no sentido de encontrar a solução e não somente discutir sobre o problema. Além disso, o método nivela o conhecimento das pessoas e parte da premissa que todo conteúdo pode ser útil, independente de formação ou nível de hierarquia – para o storytelling, todas as pessoas têm voz. Ela acrescenta ainda o fato de que, quando contamos uma história, atingimos as emoções e são elas que filtrarão e farão com que os conhecimentos sejam assimilados de maneira mais efetiva. “Quando enredamos o conteúdo em uma história, fica muito mais fácil de ser lembrado, mesmo depois de um longo tempo.”
A questão das histórias serem despretensiosas e não impositivas também é uma grande vantagem, pois permite que além de prender a atenção dos colaboradores ainda permita que reflitam suas ações com base naquilo em que escutam. Por mais direcionada que seja uma história, ela jamais terá a pretensão de subestimar ou acusar alguém e está é uma das grandes vantagens, o de usar o inconsciente coletivo para atingir o consciente individual das pessoas. “Quando contamos histórias, as chances de participação aumentam, pois cada um tem algo a acrescentar e assim o conhecimento flui e permeia todos os envolvidos, que não se sentem acuados ou diminuídos o que é diferente do que simplesmente despejar uma enxurrada de conhecimento na cabeça das pessoas. O storytelling, antes de tudo entra pela via do coração, para só então chegar ao intelectual das pessoas”, detalhou.
Outro diferencial, descoberto por Torquato, é que as ao invés de lidar com um assunto por vez, uma narrativa consegue lidar com uma série de temáticas simultaneamente. “Quando refletimos sobre o Aladdin da Disney, podemos concluir que é uma história da força do amor, mas também de disputa de classes, e também do valor da amizade, sem deixar de ser uma discussão entre o que é certo e errado na sociedade e assim por diante. A audiência pode não se dar conta, mas ela está diante de todos esses temas. Com isso é possível treinar e motivar ao mesmo tempo, por exemplo. Ou instruir e vender”, pontuou Fernando Palacios, diretor e sócio-fundador Storytellers Brand ´N´ Fiction.
Mesmo assim, o repórter ainda tinha uma última dúvida: como o storytelling pode ser utilizado? O diretor da People Strategy explicou que isso deve ser feito por meio de rápidos fóruns de transmissão de conhecimentos, códigos de conduta/ética, ou inserida dentro de programas de desenvolvimento. “Também pode ser uma ferramenta de assessoria em workshops para que as pessoas ´se reconheçam´ com histórias em comum, humanizadas, integradas entre a sua experiência profissional e pessoal, para refletir sobre conteúdos ou temas que necessitem de atenção e multiplicação”, revelou. Pronto, estava ali a matéria de Torquato.
E para você, por que as empresas estão adotando o storytelling? Dê a sua opinião na enquete do Callcenter.inf.br.
Confira também as matérias do especial:
Empresas se valem de uma prática antiga para treinar e motivar os colaboradores
Storytelling vem ganhando adeptos ao simplificar a transmissão de conhecimento
Histórias devem estar alinhadas com a cultura empresarial e os valores da organização
Especialista pontua que histórias facilitam mais o aprendizado do que o uso de livros técnicos
Storytelling apresenta informações de forma a engajar a emoção das pessoas
*A matéria foi escrita como uma narrativa. Com exceção do nome do jornalista, tudo que está no texto é verdadeiro.