Sparring à postos!

Na semana em que a própria presidente, Dilma Roussef, assumiu que o Brasil está passando por uma fase difícil, não é de se estranhar ver colaboradores preocupados com o seu futuro. A insegurança com o cenário futuro é cada vez maior. O reflexo disso, se não bem administrado, pode ser funcionários desmotivados, com impacto direto na produtividade. Isso se amplia ainda mais se pensarmos no setor de call center, em que o fator humano conta, e muito, para os resultados. “O maior impacto desse cenário é a generalização ou, ainda melhor expressando, a contaminação. Quando focamos nossa atenção em algum assunto ou tema, a tendência do mesmo é crescer. Um ambiente pessimista faz com que os problemas e as preocupações aumentem”, explica Heloísa Capelas, especialista em autoconhecimento e inteligência comportamental.
Diante disso, ela coloca como fundamental mostrar que é preciso que todos deem o máximo, o melhor, garantindo bons resultados. “A crise vai passar; ´como´ ela vai nos afetar, só dependerá de nós. Manter a positividade neste momento é imprescindível.” Assim, é preciso estar de olho no clima entre os funcionários e manter a motivação e a união da equipe. Junto a isso, Heloísa coloca como importante ser transparente sobre decisões relacionadas a cortes, por exemplo, com dados e números que justifiquem a decisão. “Afinal, ao tomar conhecimento sobre o que realmente acontece na empresa, o colaborador tem conscientemente informações sobre o que pode ou não vir pela frente – e compreende que também é papel dele fazer o seu melhor para reverter aquela situação.”
Como responsável pelo clima organizacional, desenvolvimento profissional e plano de carreiras dos colaboradores, o RH possui um papel ainda mais relevante nesse momento, segundo Daniel Tavares, gerente de RH da Vector. As reuniões formais e informais precisam ser intensificadas, assim como as ações motivacionais e de reconhecimento dos talentos. “Para eliminar ou minimizar o impacto precisamos ajustar o modelo de gestão, intensificando as ações motivacionais e de valorização dos talentos no dia a dia das operações e das áreas de apoio. Esse ´acolhimento´ faz toda a diferença na manutenção dos resultados.”
Outro ponto importante nesse sentido, de acordo com a gerente executiva de RH da AeC, Soraia Lemos, é não fazer um tratamento em massa com os colaboradores. “As pessoas reagem de formas diferentes nestes momentos e precisamos manter o foco no individuo e acompanhar como cada um está conseguindo atuar”, comenta. A executiva explica que as pessoas são diferentes. Ou seja, não é todo mundo que em um momento de pressão consegue canalizar a energia para virar o jogo. Tem gente que se sente desafiado diante desse cenário, mas muitas pessoas têm dificuldades. “Antes o nosso desafio era como contratar e fidelizar nosso colaborador, agora é o momento de olhar para dentro e estudar como esse momento está refletindo em cada uma das nossas pessoas. Essa é a prioridade”, revela Soraia.
Com isso, a área de RH precisa entender não só o cenário da economia brasileira, mas principalmente o negócio e visão de futuro da empresa. “Mergulhado nessa cultura, é possível refletir sobre os impactos da crise econômica no negócio, na concorrência, na comunidade, nos clientes externos e nos fornecedores. Com essa visão mais estratégica, juntamente com os principais stakeholders da organização, deve-se traçar os próximos passos”, explica Renata Furlan, consultora de treinamento e desenvolvimento da Crescimentum. A partir desse ponto, a especialista pontua que a área deve construir aliados, interagir com todos os níveis da organização e entender a visão de futuro da companhia. Além disso, o RH precisa estimular ideias de retenção de custos na companhia, ser transparente na situação atual e verificar quais comportamentos podem ajudar a minimizar a crise. “Enfim, atuar como arquiteto e não reagir ao que está acontecendo. Isso fortalecerá ainda mais a identidade que o RH precisa criar dentro das organizações.”
A gerente executiva de RH da AeC reforça ainda que essa é a hora da área efetivamente apoiar quem está na linha de frente fazendo a gestão com as equipes. O papel fundamental do RH nesse momento é ser o guardião para orientar os líderes. “Nós somos a soma das experiências que vivemos e existe uma geração que ainda não viveu ou não passou por nada parecido.” Seguindo nessa linha, a gerente afirma que a importância do papel do líder cresce nesse momento, já que ele é o porta-voz da cultura, dos valores e dos objetivos da organização. A forma como ele vai tratar o outro, envolver e cuidar do outro é fundamental. “Ele é um ator essencial nesse processo e é quem entende e sabe o que precisa ser feito para enfrentar as turbulências do momento”, pontua.
No entanto, apesar do momento difícil, nem tudo deve ser encarado como um problema. O gerente de RH da Vector vê também um lado positivo nesse quadro. “Diante da crise acontece um fenômeno importante, as pessoas que permanecem na empresa estão valorizando mais os seus empregos e entregando o trabalho com mais qualidade e assim aumentando a produtividade como um todo”, resume.
E para você, como o RH pode auxiliar no bom clima organizacional, mesmo diante do atual cenário econômico? Dê a sua opinião na enquete do portal Callcenter.inf.br.

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