Tecnologia alavancado o RH: como tirar vantagem?

Autor: Silene Brito
O RH mudou, e muito se discute a forma que essa evolução ocorreu. Alguns atribuem as mudanças à tecnologia, mas o fato é que a área deixou de ser um mero departamento de pessoal e passou a ser incorporado como peça chave para os negócios da organização. A inclusão de novas atividades desenvolvidas de maneira mais otimizada não aconteceu da noite para o dia.
O primeiro marco do departamento de Recursos Humanos nos anos 30, quando foi instaurado o Ministério do Trabalho, a partir daí foi criado um setor de departamento de pessoal. Geralmente era composto pelos donos da empresa e ficou marcado principalmente pela contratação de novos funcionários, além de outras atividades inexistentes nos dias de hoje, como a realização de registros efetuados em livros.
Um novo momento importante para o setor aconteceu 13 anos mais tarde, quando estabeleceu-se as Leis Trabalhistas (CLT). A consolidação revolucionou o departamento que passou a ser administrado por um chefe de pessoal que dirigia rotinas trabalhistas de acordo com as regras da legislação. Recrutamento, seleção, admissão, treinamento, demissão e folha de pagamento já passaram a ser considerados administrativos e operacionais neste momento. Até o início dos anos 80, o RH conseguia atender as demandas e entregar resultados satisfatórios, pois aquela época não apresentava um cenário corporativo tão exigente quando os dias de hoje. Após esse período, a maneira de administrar os funcionários passou a ser considerada uma tarefa crítica e de suma importância embasada na competitividade que a globalização instaurou. Neste momento as evoluções e principalmente as exigências por desenvolvimento, intensidade performática e adequação de tarefas passaram a ser comuns.

PESSOAS, TECNOLOGIA E PROCESSOS
Apesar de tantas transformações tecnológicas, a área de RH não perdeu sua principal essência. Sofreu mudanças, mas sua base ainda são as pessoas, ou seja, apesar de máquinas, softwares ou aparelhos eletrônicos, o relacionamento e o desenvolvimento humano são ainda considerados a principal engrenagem no mundo dos negócios. A percepção das organizações hoje, é que apesar de todos os avanços tecnológicos proporcionarem desenvolvimento de tarefas de maneira mais otimizada, é extremamente necessário capacitar e profissionalizar os colaboradores para que estes potencializem os resultados que as empresas buscam.
Tarefas operacionais ainda vivem firmes e fortes, porém o RH passa a trajar vestes mais robustas incorporando um modelo de apoio as diretorias. A implementação da tecnologia da informação vem sendo considerada um método efetivo de viabilizar novos modelos organizacionais na gestão de pessoas. Tudo isso além de intensificar atividades multifuncionais das equipes e a efetiva delegação de tarefas caracterizadas pelo dinamismo. É inegável a mutação não apenas das tarefas, mas também do ambiente em que trabalhamos em decorrências tecnológicas. O grande intuito é substituir o esforço e a qualificação humana por tecnologia que permita que os mesmos processos sejam executados, a um custo menor, com mais controle e continuidade. A robotização de fábricas, substituindo a mão de obra humana com mais eficiência, é um exemplo desta função da tecnologia. Porém a principal ação, que é a tomada de decisão, ainda está inteiramente nas mãos de pessoas e estas precisam ser bem munidas de habilidades técnicas e emocionais.
Logo, é essencial que o RH se adeque as atividades que devem ser realizadas com apoio de ferramentas ou metodologias alicerçadas pela tecnologia, como é o caso da utilização de People Analytics e Big Data, por exemplo. O RH precisa ser conduzido por dados, estatísticas e qualquer conjunto de informação que eleve estrategicamente seu poder de decisão, deixando-o com uma visão privilegiada do negócio como um todo, logo os achismos estão fora de cogitação em qualquer situação.
Numa sociedade totalmente influenciada pela praticidade tecnológica, é impossível fecharmos os olhos para essa cadeia de transformações constantes. O sucesso de uma empresa depende da entrega de resultados, ou seja, da consequência das ações tomadas. Potencializar isso com as modernizações tecnológicas tem grande valia nesse momento de competitividade agressiva que o mercado nos impõe a todo custo.
Ganhamos mais tempo com processos de recrutamento e seleção realizados por vídeos. Pesquisa realizada pela Compleo ATS, com 240 recrutadores espalhados pelo país, mostrou que o tempo gasto em processo seletivo por meio de vídeos é o principal benefício apontado por 56,86% dos recrutadores. E os benefícios tecnológicos não ficam por aí. Com orientações exatas, conseguimos tomar decisões nos baseando em dados fornecidos pelo Big Data e People Analytics. Temos mais segurança em processos através de outsourcing de atividades operacionais do RH. Podemos contar com a grande vantagem de poder buscar desenvolvimento através dos chamados MOOCs (Massive Open Online Courses), que são cursos ou treinamentos dados em ambientes virtuais que dinamizam o processo de ensino e levam aprendizado e desenvolvimento para muitos profissionais no mercado de trabalho. Tudo isso sem falar na grande praticidade que os Clouds e SasS nos fornecem. Exemplos de como nos apoiar nessa era de inteligência técnica e tornar nossos propósitos tangíveis são inúmeros.
Para esta geração atual, onde as ações são sempre emergenciais e dinâmicas, esse cenário tecnológico é tirado de letra. Para uma geração mais antiga do RH, resta aceitar e se integrar a esta ruptura. Aliar as vantagens técnicas ao desenvolvimento de cada pessoa na organização: esse é o segredo desse grande ciclo que visa o sucesso.
Silene Brito é gerente de desenvolvimento humano e organizacional da ProPay, pedagoga, coach e especialista em gestão de conflitos, administração de carreira.

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