Autores: Francisco Ricardo Blagevitch e Oswaldo Brancaglione
Desde crianças, na fase dos bancos escolares, era comum ouvir dos professores que o Brasil era o país do futuro. Com o passar dos anos, essa afirmação tornou-se uma espécie de “frase feita”, empregada para definir o Brasil que gostaríamos e merecemos ter. Na área de prestação de serviços de TI (Tecnologia da Informação), o chavão “país do futuro” perde a conotação simplista para assumir a relevância que exige.
É fácil explicar: hoje, muito mais do que um pólo de outsourcing, o Brasil é considerado um porto-seguro no mercado de tecnologia mundial. Somos a nação do amanhã e a terra das oportunidades. Nem mesmo a crise, pelo menos no segmento de tecnologia, conseguiu nos abalar.
É fácil explicar: hoje, muito mais do que um pólo de outsourcing, o Brasil é considerado um porto-seguro no mercado de tecnologia mundial. Somos a nação do amanhã e a terra das oportunidades. Nem mesmo a crise, pelo menos no segmento de tecnologia, conseguiu nos abalar.
Essa constatação, nitidamente patriota, ganha mais peso com o recente estudo da consultoria AT Kearney sobre o mercado brasileiro. Em termos de competitividade como um destino para o offshore, saímos do 10º lugar, em 2005, para o 5º, em 2007. Também somos considerados o 3º colocado em recursos humanos e ambiente de negócios.
Outro dado relevante diz respeito à liderança da Índia no mercado de offshore. Com esse cenário, de acordo com a consultoria, competiremos com outros destinos emergentes, como China, México, Argentina e Chile, para dividir metade dos cerca de US$ 31 bilhões que serão movimentados no setor, nos próximos dois anos. Só no ano passado, o mercado brasileiro de offshore outsourcing movimentou cerca de US$ 1,4 bilhão, o que representa um crescimento de 75% na comparação com 2007.
Com esse cenário promissor, algumas multinacionais já perceberam que com o incremento da competitividade, o Brasil posiciona-se como um centro de excelência na prestação de serviços de TI para suas matrizes. Não é a toa que os fornecedores têm buscado possibilidades de crescimento fora do Brasil, especialmente na América Latina. O instituto Gartner, inclusive, aponta que a terceirização vem crescendo significativamente mais nos países latino-americanos do que no restante do mundo.
Felizmente, já é comum grandes conglomerados terceirizarem suas operações ou infra-estruturas de TI a partir do Brasil, elegendo para essa tarefa um prestador que possa aliar qualidade, preço competitivo, transparência e flexibilidade, características encontradas nas multinacionais brasileiras. Essa tendência tem sido mais comum nos contratos de gestão de service/help desk, já que na disputa com fornecedores indianos, por exemplo, acabamos levando a melhor.
As multinacionais que apostam no potencial brasileiro e elegem o país como plataforma de serviços de TI estão em busca não apenas de preços competitivos e qualidade. Perceberam que a principal estrela do offshore, a Índia, já começa a dar sinais de desgaste, especialmente sob os aspectos de infra-estrutura e recursos humanos.
Esse panorama cria oportunidades de negócios para o Brasil, que já demonstrou amadurecimento no mercado interno de TI e condições mais do que suficientes para atuar como protagonista no cenário mundial. Mas é preciso ter pressa. O Chile, um dos nossos vizinhos, por exemplo, tem investido fortemente em educação e infra-estrutura.
Já somos considerados um hub na América Latina. Afinal, alguns dos principais players do mercado utilizam nosso país como centro de offshore para seus serviços, fazendo do Brasil o palco principal das suas plataformas globais de outsourcing. Se por um lado oferecemos o ambiente propício, por outro aspecto nem tudo são flores. As dificuldades para garantir mais visibilidade no cenário mundial esbarram na onerosa carga tributária e na árdua tarefa de recrutar mão-de-obra especializada, que domine, preferencialmente, mais de um idioma. Além disso, faltam políticas públicas que possam associar nossa imagem à qualidade em serviços de TI, demonstrando nossos diferenciais em relação à concorrência (leia-se Índia).
O Brasil, apesar dos pesares, já provou que consegue “dar conta do recado”. Aqui, as multinacionais são, no melhor sentido, “paparicadas” pelos prestadores de serviço, temos uma taxa elevada de expansão da Internet e de adoção de inovações tecnológicas, fuso horário adequado e, acima de tudo esbanjamos criatividade. Enfim, com esses ingredientes made in Brazil não há bolo que não cresça.
Francisco Ricardo Blagevitch é presidente América Latina da Asyst Sudamérica. Colaborou Oswaldo Brancaglione, vice-presidente América Latina da empresa.