Telecom deve mudar nos próximos três anos


Carlos André

Nos Estados Unidos, a coqueluche agora são os telefones com tecnologia de transmissão de voz pela Internet, que permitem fazer ligações de longa distância de forma muito mais simples e barata do que o método tradicional. Esses telefones especiais funcionam com programas de VoIP (sigla em inglês para voz sobre “internet protocol”) – softwares que permitem “traduzir” a voz em dados e transmiti-los pela Internet por meio de uma conexão banda larga. O que isso representa para a indústria de telecomunicações? Uma mudança radical na dinâmica do mercado. Esse tipo de tecnologia deve derrubar os preços das ligações de longa distância e, consequentemente, as receitas das operadoras, obrigando-as a diversificarem os negócios.

Essas empresas foram estruturadas para trabalhar com voz – suas linhas são dedicadas a isso. Com essa mudança se efetivando, as operadoras vão precisar procurar fontes de receitas alternativas. A oferta de banda larga já é uma opção. No segmento corporativo, a disputa por clientes de banda larga é grande. Mas no mercado doméstico, essa tecnologia ainda é pouco difundida diante do potencial. Com todos de olho nesse segmento, a concorrência deve aumentar e, com isso, a tendência é de as empresas oferecerem serviços complementares para atrair mais clientes. Na verdade, isso já está começando a ocorrer no Brasil. A Oi juntou celular, fixo, longa e curta distância, tudo num único cartão. É, portanto, um exemplo de empresa criando pacotes de serviço.

Se nos Estados Unidos a tecnologia de Voz sobre IP já é fato, aqui no Brasil veremos esse mercado crescer a partir desse ano e se consolidar nos próximos anos. Em terras norte-americanas, muitas pessoas haviam trocado a linha fixa pelo celular. Isso porque a manutenção da linha fixa era cara e não valia a pena manter o aparelho. Agora há novas possibilidades. Além dos telefones especiais com tecnologia de VoIP, há outros tipos de tecnologia disponíveis. Com o sistema Whymax, por exemplo, uma empresa consegue comprar uma antena de cerca de US$ 500 e criar uma rede regional, que cobre quilômetros. E sem precisar pedir autorização para a Anatel.

Antes eram necessários investimentos altos para estruturar uma operadora de telecomunicações e iniciar a oferta de serviços. Agora será tudo mais simples. As empresas tradicionais precisarão, portanto, estar preparadas para se adaptar a uma realidade muito mais dura, na qual a competição é acirrada. Precisarão estar mais atentas aos clientes e as necessidades. Só assim poderão criar serviços atraentes.

Carlos André é presidente da consultoria Effectio e já foi CEO no Brasil de empresas como Peoplesoft, AT&T, Oracle e Novell.

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