Apesar de não ser um assunto tão novo, ainda há muita gente que não vê o engajamento dos colaboradores como algo importante. Para esses, o funcionário é visto apenas como um simples componente da empresa, não sendo necessário investir tempo ou dinheiro nele. Esquecem que elas são feitas de pessoas e não buscam um alinhamento entre ambos. E se não existe essa conexão, muita coisa não vai sair da melhor forma, segundo Jean Soldatelli, sócio-diretor da Santo Caos, consultoria em engajamento. “O engajamento é o mais alto nível de uma sequência de conexões racionais e emocionais entre pessoas e instituições, causas ou marcas, que gera resultados positivos para ambos.” Para ele, o engajamento deve ser encarado como uma estratégia, uma série de ações/posicionamentos que visam entender as pessoas, entender as empresas e fazer com que ambos se entendam.
Sendo assim, o engajamento dos funcionários passa por cinco passos: conscientização, compromisso, pertencimento, orgulho e compartilhamento. Ou seja, a empresa deve conhecer e saber o que as pessoas querem, se comprometer com as vontades de ambos, para aí fazer com que as pessoas sintam-se parte, tenham orgulho e compartilhem dos desejos, metas e sonhos. “De uma forma geral, o grande desafio para engajar os funcionários é a empresa conhecer realmente os funcionários e alinhar as vontades deles a suas vontades.” Portanto, a melhor estratégia para manter o engajamento é sempre conhecer de verdade os funcionários – não só saber o nome -, e fazer com que eles sintam que realmente conhecem e fazem parte da empresa.
O especialista alerta ainda que indicadores como turnover, absenteísmo, presenteísmo, produtividade, mostram superficialmente o problema do engajamento, mas não as causas. Para entender o real engajamento do colaborador, Soldatelli aponta que se deve analisar indicadores dos cinco passos que levam ao engajamento. “Entender o quanto as pessoas sabem o que devem fazer ou o que a empresa é, são os primeiros passos.” Ele comenta também que a famosa pesquisa de clima, ou de engajamento, mostra indicadores, mas não mostram as causas do comportamento, que é o real problema. Assim, é importante ter conversas profundas, acompanhamento da vida fora do trabalho, inserção no dia a dia e até espiões para ajudar a entender o real engajamento de um colaborador com a empresa.
GANHOS
O resultado de todo esse trabalho se traduz em ganhos para a empresa. “Uma empresa que não tem colaboradores engajados não consegue crescer já que dificilmente atrairá novos colaboradores, tem altos custos, afinal os colaboradores têm baixa produtividade e alta rotatividade.” Os números provam isso: só nos EUA anualmente a falta de engajamento custa entre US$ 450/550 bilhões, e, como trabalhadores engajados ficam mais nas empresas, para cada 1% de diminuição do turnover a empresa cresce 0,5%.