CEO do Freto expõe as estratégias criadas pela logtech para sanar dores no transporte rodoviário de cargas
Os números constatados dentro do universo do transporte rodoviário de cargas no Brasil são sempre superlativos. Nada menos que 2,4 milhões de caminheiros respondendo por quase 70% dessa movimentação que, em termos de materialização financeira, corresponde a algo em torno de R$ 500 bilhões ao ano. Mesmo assim, até menos de uma década atrás, o desencontro dentro dessa logística era tanto que, enquanto caminhões trafegavam ociosos em busca da contratação de um frete, cargas aguardavam nos depósitos o encontro com o meio de transporte mais adequado. Foi visualizando as dores de ambos os lados que nasceu a logtech Freto, plataforma que une as pontas buscando tecnologia e ideias que facilitem a logística no setor, com transparência, redução de custos e melhoria de vida e trabalho para os caminhoneiros. Explicando de que forma a proposta de valor da startup tem permitido crescer e avançar em uma logística tecnológica e humanizada ao mesmo tempo, Thomas Gautier, CEO do Freto, participou, hoje (18), da 738ª edição da Série Lives – Entrevista ClienteSA.
Caracterizando-se, logo de início, como um francês dotado de coração brasileiro, depois de 10 anos País, onde se casou com um gaúcha e tem dois filhos, Thomas afirmou que foi a experiência internacional que lhe permitiu a perspicácia de identificar oportunidades na logística em um território mais de 16 vezes maior que o da França. Ao contar a história de concepção do Freto, ele – que chegou ao País enquanto ainda era executivo de uma multinacional –, ao verificar as potencialidades brasileiras na área de transporte rodoviário de carga, partiu para o empreendedorismo integrando, cerca de seis anos atrás, uma fintech voltada para facilitar as transações financeiras dentro do setor. Foi nesse ambiente que detectou uma grande dor no segmento, ao lidar com o tripé da indústria, transportadoras e caminhoneiros, que era as dificuldades reinantes no desencontro entre oferta e demanda.
Ao traduzir essa situação, o executivo contou que, ao mesmo tempo em que havia empresas carentes de meios de transportes disponíveis para a condução e entrega de cargas dentro das características adequadas, caminhões trafegavam muitas vezes vazios e rodando, em média, 150 quilômetros até encontrar um contratante demandando um parceiro do seu perfil de atuação.
“Diante dessa situação desconfortável para todos os envolvidos, surgiu a vontade de oferecer uma solução que facilitasse o encontro produtivo entre as partes, ainda promovido àquela época, por mídias do tipo Páginas Amarelas. Mas, queríamos algo na linha de uma plataforma que, digitalmente, apresentasse a união dos interesses gerais no transporte rodoviário de carga de ponta a ponta.”
Segundo Thomas, como não foi encontrado nada já existente nessa direção, a ideia foi partir do zero na criação da plataforma, gerando muita insegurança inicial dentro do grupo Edenred, do qual ele ainda fazia parte. Entretanto, vencidas as barreiras iniciais, a startup acabou nascendo dentro da multinacional francesa em 2018, conseguindo entrar efetivamente no mercado no ano seguinte, até que, no início de 2021 decidiu alçar voo próprio, em um processo de spin-off que a tornou uma logtech independente.
Até chegar ao processo de consolidação alcançado no ano passado, o CEO fez uma retrospectiva de um cenário que incluía desde um certo preconceito a respeito da capacidade do caminhoneiro de lidar com o smartphone como instrumento de trabalho, até a ausência total de tecnologias capazes de juntar as pontas que compõem o setor. “Podemos considerar mesmo essa visão anterior como preconceituosa, porque sabemos hoje que mais de 98% dos motoristas de caminhões possuem smartphones e mais de 80% deles já realizaram compras pela internet via mobile.” Dados de uma pesquisa realizada neste mês pelo Freto – ainda não divulgada ao mercado – dá conta de que, para 77% dos caminhoneiros, o que mais impactou positivamente sua atuação no mercado ao longo da última década foi justamente o uso de tecnologia. Ou seja, graças à utilização das plataformas digitais na conquista de oportunidades de fretes, elevando seus ganhos ao diminuir drasticamente o tempo de ociosidade do seu equipamento de trabalho.
Esse fator, segundo Thomas, vai diretamente ao encontro do propósito que gerou o Freto, voltado para utilização do digital na simplificação de tudo o envolve o modal rodoviário, que responde por dois terços de todo transporte de cargas no País. “Agimos não só criando as conexões para que eles tenham mais oportunidades de trabalho e remuneração, mas também oferecendo suporte na área da saúde – já que cerca de 70% deles não possuem os chamados convênios médicos – e no âmbito de lazer, ao criar o Clube da Estrada, plataforma que oferece também locais onde podem desfrutar de descanso e relaxamento.” Na sua concepção, um dos lados mais positivos dessas iniciativas é que abriu os horizontes da logística para necessidade de colocar a tecnologia em primeiro plano, pois entende que há muito o que ser feito ainda para avançar nessa área.
Houve tempo para o executivo descrever o perfil de toda a base de clientes, que vai desde a pessoa física e pequenas transportadoras, até indústrias e grandes companhias de transporte de cargas com suas logísticas mais abrangentes e complexas. Tudo isso se encaixa, na sua visão, dentro da proposta da logthech que é formada pelos pilares do nível de serviço – entregar o produto certo, pelo meio mais adequado e dentro do tempo de qualidade esperados – rastreabilidade e segurança, em um universo que reúne 180 mil caminhoneiros cadastrados e com a apresentação de transparência nos preços dos fretes, surgindo então o alicerce da redução de custos, gerando vantagens para todos os envolvidos. O CEO ainda respondeu questões da audiência, como por exemplo sobre o surgimento do termo de “humanologística” que cunhou para explicar que, mesmo com muita tecnologia, o ser humano será sempre o maior agente emissor e receptor das vantagens dessa prática.
O vídeo, na íntegra, está disponível em nosso canal no Youtube, o ClienteSA Play, junto com as outras 737 lives realizadas desde março de 2020. Aproveite para também se inscrever. A Série Lives – Entrevista ClienteSA terá sequência amanhã (19), com a presença de Fausto Lopes, diretor de sucesso do cliente e gestão de contas da Arquivei, que abordará o olhar estratégico para gestão de documentos fiscais; na quinta, será a vez de Mellina Casseb de Almeida, gerente de qualidade corporativa da Seara; e, encerrando a semana, o Sextou debaterá o tema “Consumo: O que mudou no hábito de alimentação do brasileiro?”, reunindo Enrico Milani, CEO da Vapza Alimentos, Saulo Marti, co-fundador e CMO da Diferente, e David Fiss, diretor de serviços ao cliente e novos negócios da Kantar Worldpanel.