Os valores associados ao feminino tornaram-se urgentes aos homens e mulheres para a construção de relações mais humanas e solidárias. É o que aponta pesquisa realizada pela Molico, marca de lácteos da Nestlé, em parceria com Mirian Goldenberg, professora titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O estudo, “A vez do feminino”, contou com a colaboração da agência de inovação Studio Ideias e teve participação de 1.000 pessoas de todo o país, entre 16 e 64 anos. Os dados foram colhidos entre os dias 19 e 25 de julho de 2017.
Parte do projeto #OValorDoFeminino, o estudo materializa a reflexão relativa à forma com que as pessoas gostariam de agir e como agem de fato em ambientes diversos, demonstrando as contradições do comportamento no ambiente privado versus o público, representados pela casa e pelo trabalho, respectivamente. “Reconhecer e prestigiar os valores associados ao feminino em homens e mulheres abre espaço para que todos desenvolvam relações mais humanas”, diz Rachel Muller, gerente executiva da Nestlé, que liderou a pesquisa. “Só assim vamos conseguir as mudanças que desejamos em casa, no trabalho e na sociedade”, conclui.
Assim como na vida pessoal, no trabalho, as pessoas desejam um ambiente que ofereça mais espaço para exercerem valores considerados femininos, no entanto, a pesquisa aponta um abismo entre a forma como essas pessoas gostariam de agir e como se veem estimuladas a fazê-lo. Os entrevistados consideraram agir com eficiência como a forma desejada e encorajada a agir, contudo, os ideais divergem com relação aos demais pontos: 60% deles afirmam ser incentivados a resolver os problemas da forma mais rápida e 52% a focar nos resultados, enquanto 59% gostariam de valorizar todos os membros da equipe e 58% gostariam de promover um ambiente de trabalho mais acolhedor.
“O fato de as pessoas desejarem um ambiente de trabalho em que se valorize a cooperação, a confiança e a empatia não significa que foco, competitividade e apetite pelo risco não sejam importantes, mas é preciso que haja um equilíbrio. O problema é que no meio corporativo os valores relacionados ao feminino são praticamente ignorados ao passo que atributos considerados masculinos são supervalorizados”, afirma Mirian Goldenberg.
Nesse cenário, o avanço na carreira vem acompanhado de um alto preço psicológico e emocional. Entre as entrevistadas, 42% diz ter passado por situações de constrangimento e 23% afirmou ter sofrido assédio moral. Além disso, pouco mais de um terço (36%) teve vontade de chorar na frente dos outros, mas teve vergonha. O resultado desse desbalanço no ambiente é que apenas 4% dos pesquisados se sente feliz no trabalho.
O estudo aponta ainda que quem mais tem sofrido para se adaptar à uma visão masculina do ambiente de trabalho e sociedade são as mulheres millennials, com idades entre 21 e 35 anos. Mesmo tendo um nível de escolaridade superior a de seus pares do sexo oposto, 1 em cada 4 delas se sente frustrada e desmotivada no emprego, além de 1 em cada 5 se dizer angustiada, incompreendida e solitária, justamente quando poderiam estar no auge da produtividade. Tamanha insatisfação está ligada à incapacidade de exercer valores femininos, visto que metade delas gostaria de ver mais respeito pelo seu jeito de ser e 49% gostaria de se sentir à vontade para propor suas ideias.